Depois de ter lido o texto, escrito pela professora Regina Santiago, achei oportuno divulga-lo.
SER SOLIDÁRIO!
No passado dia doze do mês que está prestes a terminar, o planeta acordou com imagens aterradoras: o terramoto no Haiti!
Efectivamente, está provada a impotência do Homem face ao poder da Natureza! Esta, continuamente, não pára de nos surpreender! Não somos nada porque nada podemos contra o invencível!
Assolado que foi aquele pequeno território, que já pouco tinha, o Homem, no seu melhor, na sua vertente humanista e racional, despoletou mecanismos no sentido de ajudar as vítimas desta catástrofe natural. Os números são assustadores! Entre mortos, feridos, desalojados, órfãos, poucos são os que saíram incólumes desta tragédia e que, pouco pacificamente, aguardam a ajuda internacional pois, o desespero é mais forte para quem, agora, nada tem…
Neste sentido, a propósito de espírito solidário, são similarmente inúmeras as organizações, governamentais ou não, são várias as instituições, são múltiplos os apelos no sentido de solicitar a colaboração com vista o mitigar de tão grande desespero: o pouco fará muito! E o certo é que as somas vão gradativamente aumentando, as dádivas diversas e imensas são visíveis! O problema é que as ajudas que agora chegam são pontuais! À retirada dos voluntários que agora partilham os bens e o sofrimento, os obstáculos, à data, intransponíveis, ficarão para memória futura e o cenário devastador e aterrador dificilmente se apagará das mentes daquele povo. No entanto, mesmo apesar desta e doutras vicissitudes, ajudemos o Haiti! Sejamos solidários para com quem muito precisa!...
No entanto, a propósito de solidariedade, urge questionar: somo-lo natural e espontaneamente ou só quando tocados e chocados com desgraças maiores? Sabemos o que se passa do outro lado do planeta porque imagens horrendas não solicitam autorização para entrar pelas nossas casas adentro. E, relativamente às pessoas da terra, do bairro, da rua, da família, cujas imagens se restringem a quatro paredes, seremos, de facto, solidários? Quantas vezes batemos à porta de não importa quem para perguntar se precisa de alguma coisa, se está bem, se pretende partilhar um minuto? Não há tempo para o que e quem não interessa! Inventam-se desculpas, forjam-se subterfúgios para os empecilhos da vida. Como entender este espírito solidário? Desde quando é que a postura da hipocrisia e da dissimulação é compatível com o ser solidário? Será solidário aquele que não dispõe do que possui gratuitamente - o tempo – para partilhar com o outro? Nem sempre quem precisa, precisa de bens materiais! Um sorriso, uma palavra, um minuto poderão ter o valor que, neste momento, a água tem para os habitantes do Haiti! Visão exagerada, dirão! Mas quem passa por situações análogas, conhece a dimensão do significado da minha comparação!
Mas a vida é feita de encontros e desencontros, de egoísmo e altruísmo, de sinceridade e de fingimento, de partilhas e cobiças… Cabe ao Homem desenvolver defesas no sentido de colmatar os devaneios com que se cruza no período da sua existência!
A grandeza do ser humano está em saber dar sem nada esperar em troca e na infinitude da sua capacidade de amar
M. Regina Santiago
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
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3 comentários:
Cara Elsa,
de facto muito oportuno a publicação deste texto. Obrigada pela tua partilha.
Cara Regina,
os meus parabéns, por mais uma vez nos presenteares com uma tão bela e elaborada escrita, elevando o Indigente para um outro patamar.
Quanto à exposição aqui apresentada, não podia estar mais de acordo, querendo no entanto ressalvar que na minha opinião, o Povo Português é por norma um povo solidário e voluntarioso, no entanto, caminhamos rapidamente para aquele estado de letargia que caracteriza outros povos Europeus, que será o de só agirmos e intervirmos perante grandes catástrofes/mediáticas, esquecendo-nos do vizinho da casa ao lado ou desviando o olhar de um Indigente que descansa no meio do passeio.
Dizes: “A grandeza do ser humano está em saber dar sem nada esperar em troca e na infinitude da sua capacidade de amar”. Estaremos nós a tornarmo-nos ainda mais pequenos??
Eis um post de reflexão e de exposição de ideias e ideais, proporcionando aqui um excelente momento de discussão, se assim o soubessemos aproveitar.
Agradeço a ambas.
Os meus cumprimentos
Bjs
"SER SOLIDÁRIO"
Há muito que não passava por aqui, mais precisamente à cerca de cinco meses. Não tenho, por este motivo, andado a par do que se tem passado a todos os níveis.
Feito o preâmbulo, entro de imediato, no corpo do texto escrito pela M Regina Santiago.
Não lhe irei dizer nada daquilo acerca do que muito sabiamente a Regina Santiago nos deu a ler. A sua explanação é, absolutamente exemplificativa daquilo que é a realidade nua e crua do mártir povo Haitiano.
Belo texto! só me resta agradecer-lhe a sua enorme sensibilidade.
Permita-me fazer uma pequena citação ao seu testemunho, mesmo correndo o risco de ser parca no restante, porque ele é tão rico, que a escolha se me tornou difícil.
Assim:
(..) a propósito de solidariedade, urge questionar somo-lo natural e espontaneamente ou só quando tocados e chocados com desgraças maiores?(...)
Eis uma pertinente questão!
Como ser humano que sou e condoída que também me considero com a precariedade do meu semelhante, não sei que resposta darei a tamanha catástrofe.
Tudo o mais que foi escrito pela MRegina Santiago é o corolário daquilo que perante tamanha calamidade se nos afigura como triste realidade.
O seu "grito" é de tal maneira rico em apelo, que, tudo aquilo que, eventualmente me fosse possível acrescentar, soaria a uma duplicação, correndo até, o risco de cometer plágio.
Tal como MRS diz no final do seu "grito" "A grandeza do ser humano está em saber dar sem nada esperar em troca e na infinitude da sua capacidade de amar".
Não sei, minha cara Senhora, o que mais poderei dizer para acrescentar às suas sábias palavras. Apenas lhe deixarei aqui, bem como às sensibilidades que fazem o favor de nos ler, o meu muito obrigado pelo que aqui trouxe e da forma como o fez. Obrigado.
Pela minha parte,já me solidarizei com os Haitianos da forma que me foi possível,infelizmente, o meu possível é muito pouco para colmatar o muito que eles necessitam.
Maria Isabel Tavares
“Uma única força move o mundo: o Interesse.”, de Friedrick Schiller.
Nem sempre patenteamos interesse pelo dia a dia, pelos contíguos, colegas, amigos e até outros povos e sociedades, não nos permitindo assim o assolar de sentimentos como a perturbação, comoção, prostração ou desconforto. É talvez uma medida de protecção pessoal.
Há no entanto momentos em que o Sol, que dizem que quando nasce nasce para todos, não brilha para alguns e quando essa situação nos é brutalmente arremessada ao rosto não há como não nos interessarmos e deixarmos emergir todo um leque de agitações.
Só nesses momentos adoptamos a atenção à insignificância da nossa passadiça ou tão somente, consciência da nossa pequenez perante o avolumar da força da natureza. Só nestes momentos nos sensibilizamos e acorremos à solidariedade, ao acto de se ser solidário, mesmo com pouco, como modestamente o Português tem hábito de alegar, mas a verdade Caras Senhoras é que, exactamente neste momentos de ondas solidárias é que mais me revolto…pois se antes a ignorávamos?
Mais, quase agaranto que assim que a situação do Haiti perca um lugar de notícia de telejornal, a onda de solidariedade de que agora falamos também se esvairá, e infelizmente, a vivência diz-me que se esvairá mesmo que a situação em si não esteja liquidada. Onde estará o acto de ser solidário então?
Gandhi dizia que só engrandeceremos o nosso direito à vida, cumprindo o nosso dever de cidadão” e este dever não pode somente existir perante um cataclismo, tem que coabitar entre nós, entre povos, entre sociedades, entre nações.
Não podemos sentir motivação para a solidariedade só quando esta é manifesta. Temos que ser solidários…ponto, final, parágrafo.É Imperativo!
O texto da Sra. Professora M. Regina Santiago é de exaltar. Enalteço não só a composição elegante, como a consciência real, integra; a emoção e o sentimento das suas palavras. Como verifica concordo consigo mas ainda abro mais o leque abanando no rosto de todos desilusões escuras.Peço-lhe que não se macule com as minhas sentenças amargas e cépticas tão características deste desgastado homem ao seu dispor, entenda antes como uma outra perspectiva da situação. Uma óptica que não se retém somente neste presente, mas que se amotina com o passado anónimo e antes desprezado e ignorado, e com um futuro que será incógnito sobre e para este pobre e déspido HAITI.
Não me despedirei sem antes agradecer este momento proporcionado pela Sra. Elsa Loureiro, desejando a todos os presentes uma Boa tarde.
Respeitosamente e com sentidos cumprimentos
Delfim Marques
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