Ao contrário da visão mais imediatista, as discussões existem para que as partes envolvidas, sejam lá quantas forem, ponham as suas discordâncias à prova.
Através da exposição e defesa de ideias todos os envolvidos ganham por se tornarem aptos a perceber melhor este ou aquele ponto de vista sobre uma determinada situação e, muitas vezes, até outras situações que se apresentam durante o debate. É um momento único onde bem podemos explicar tanto quanto podemos aprender algo sobre seja lá qual for o assunto pertinente à conversa, e os seus assuntos periféricos, por assim dizer.
Eu disse conversa, porque é exactamente isso que uma discussão é e precisa necessariamente ser entendida, uma discussão é, exactamente, uma conversa! Uma conversa entre partes que, muito antes de impor, querem e precisam entender mais e melhor as diferentes ideias sobre o que quer que seja o assunto em questão.
Essa conversa, que é a forma mais racional e objectiva de se analisar uma boa discussão, tem a sua placidez quebrada pelos integrantes do grupo, nós, os homens, ainda primatas que, em algum lugar escuro nos recônditos dos seus intelectos guardam a pata empunhando o galho de árvore o qual serve muito bem para impor sua "superioridade", um equívoco imperdoável esse, o de se ver "acima da média", seja nas religiões, na política ou em qualquer outra área do "conhecimento" desse grupo que habita o planeta.
Admito que a figura é quase ofensiva, mas não existe lá muita diferença entre dois ou três comentadores diferentes, debatendo e berrando as suas visões pessoais, e dois ou três primatas berrando sobre quem vai ficar neste ou naquele galho, ainda mais se os galhos estiverem à mesma altura.
Quando foi a última vez que tentou defender uma ideia ou uma posição específica? E por quanto tempo conseguiu abester-se aos factos e ao cerne da questão, sem tropeçar em assuntos periféricos, motivos equivocados, consequências escusatórias ou desculpas esfarrapadas das suas próprias dúvidas, às vezes apenas para não dar o braço a torcer, com certeza perdendo uma excelente oportunidade de aprender um pouco mais sobre alguma coisa ou, até mesmo, dar um breve exemplo de rectidão?
Não estou aqui para dizer como procederem - e quem sou eu para isso? - mas por favor, pensem só por um momento: como seria a sociedade, sobretudo a Santarense, se nestes últimos tempos houvesse mais vontade de entender e, aí sim, poder rebater o que o outro está a dizer ao invés de, apenas, fazê-lo calar-se com um galho qualquer ou alguma inquisição estúpida?
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