terça-feira, 22 de junho de 2010

Raridades

E tudo isto, cinema, bailes, bodas e todo tipo de festas, no já desaparecido "Salão da Misericórdia".

Imagine-se que em 1956 o Grupo Dramático Santarense levava a palco um espectáculo de 3 peças mais variedades, e hoje?

Nem Salão, nem Grupo!!!??

6 comentários:

Anónimo,  23 de junho de 2010 às 00:41  

Hoje, existe malvadez pelo vizinho do lado
Egoísmo doentio
Vaidade que se transforma em obesessão
Deitar abaixo, calcar o fragil
Viver nos poderes do dinheiro pensando que o levam para a cóva
Difamando o amigo para se ocultarem dos seus próprios vicios e prazeres.

O sociativismo esmagou-se
A palavra amizade voou no sabor amargo de uma terra saturada de maldizer.

Isabel Tavares,  23 de junho de 2010 às 14:12  

Eis que as saudades nos trazem à lembrança as coisas lindas que aconteciam em Santar na década 50.

Exactamente, 60 anos depois, o Indigente Carlos Aurindo, foi ao fundo do baú e de dentro desse mesmo baú o que descobre?

Para as pessoas da minha época e que, como eu, tenham boa memória, ao verem este panfleto verdadeira raridade, ficarão, tal como eu fiquei, com nostalgia, com um misto de sentimentos que será muito difícil explicar.

Pois é Caríssimo Carlos este panfleto foi por si classificado e muito bem, como uma "Raridade".

Lembro-me perfeitamento de todo o elenco, mas ainda me lembro daquilo que o panfleto não diz, também havia um elenco feminino, e olhe que ainda hoje lhe posso citar alguns nomes que estão ainda entre nós, só não os nomeio neste espaço, porque não tenho autorização dos visados para o fazer.

A vida é sempre cheia de contradições. O homem por um lado quer cada vez mais entrar e fazer parte integrante da civilização, mas às vezes esquece-se do passado, aquele passado onde não havia uma grande civilização, mas seguramente havia vivências muito ricas entre os pequenos povos aqueles povos que criavam a sua própria civilização.

É o caso de Santar. O seu povo apesar de humilde e pobre, era um povo altaneiro, dono de uma criatividade e vontade de vencer que não olhava a dificuldades. Essas dificuldades eram inumeráveis como p.e. a vida ser muito dura, a exploração do homem pelo homem era o pão nosso de cada dia, os ultrajes recebidos das classes dominantes eram um vexame para a dignidade de homens honrados honestos e trabalhadores.

No entanto, o povo Santarense tinha homens viris e dignos e tratavam eles próprios de arranjar meios para que nas horas de lazer, todos pudessem rir e cantar, mesmo que tivessem no dia seguinte de chorar lágrimas de sangue para arranjar pão para os seus muitos filhos.

Presenciei muitas vezes a mágoa que a minha querida mãe sentia, quando lhe batiam à porta pedindo que lhes fiasse algumas sardinhas para pôr em cima dum grande alguidar vidrado cheio de batatas cozidas, e que muitas vezes não era possível satisfazer na quantidade pedida, pois o tempo era duro e os bens tinham que ser partilhados equatitativamente. Tudo isto o povo de Santar sofreu, outros terão sofrido o mesmo.

Mas a vida e a sua dureza pode ser modificada, basta que para tal existam rapazes valorosos e atreitos à alegria de viver e dar parte dessa alegria àqueles que, com eles sofriam.

Daí que a criação de um grupo cénico fosse uma das muitas formas de nos levar a sonhar.
Para tal fim, havia o Salão. Então lá se ensaiava com um sentido amador que mais parecia profissional, tal era o valor que se atribuia à arte cénica.

Era lindo chegar ao dia da estreia, ver a sala à "pinha" esperando ouvir as três pancadinhas de Molière, que daria início à representação da peça.

Contar isto nada tem a ver com o presenciar, chorávamos e riamos ao mesmo tempo, sentiamo-nos uns bafejados da sorte. Com muito pouco nos sentíamos felizes.

Como tudo era diferente!

Hoje olhamos o passado com saudade ao mesmo tempo que olhamos o futuro com preocupação.

Nem sempre a civilização nos traz felicidade, porém sinto que no passado as pessoas eram mais puras, mais reais, mais solidárias, e não haja dúvidas que se a classe dominante existente na época não tivesse sido tão ávida de riqueza e que para obter essa riqueza tivesse escravizado as populações, gerando mais riqueza e bem estar àqueles que para eles produziam essa riqueza, o mundo teria sido diferente e não acabariam os Salões de Festas e os Grupos de teatro e de cantares.

O Carlos Aurindo foi buscar remeniscências do passado que me comoveram até às lágrimas. Muito lho agradeço e tenho a certeza que haverá muito gente a agradecer-lhe também.

Obrigado

tiago filipe,  23 de junho de 2010 às 15:53  

"fds" ke testamento!!!
lol

Isabel Tavares,  23 de junho de 2010 às 16:43  

Tiago Filipe, acabo de ler o seu comentario.

Fabuloso!

Fartei-me de rir, porque você além de ter razão, também tem sentido de humor

Anónimo,  23 de junho de 2010 às 17:33  

Isabel Tavares

Linda e bela como sempre
um português de fazer inveja a muitos mestrádos, tocando sempre no mais profundo.....
Obrigada pelos seus textos, eles realmente sao a voz genuína de marcas amáveis e sociaveis de um povo, tudo se perdeu.
Resta a hipócrisia e linguas do mal dizer...

Carlos Alberto da Costa Liberto 24 de junho de 2010 às 01:58  

Isabel Tavares, seus excelentes textos dignificam o povo de Santar.
Sou seu fã, a senhora tem saber, sensibilidade e humor.
O povo sem cultura ficava sem liberdade de decidir o melhor para si, virava escravo do sistema que o explorava.
Cumprimentos

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