Nota Historica da Misericórdia de Santar
Nota histórica
D. Lopo da Cunha donatário dos concelhos do Barreiro, Senhorim e Óvoa recebeu de Filipe III o título de Conde de Santar. Fundou a Irmandade da Nossa Senhora da Misericórdia de Santar em 1632. Sendo que o primeiro compromisso foi confirmado por Filipe III em 1636.
Para construção da Igreja D. Lopo da Cunha concedeu uma parte da sua quinta do Casal Bom, concedendo-lhe um legado perpétuo, podendo ler-se mo portal principal “D. Lopo da Cunha mandou fazer esta Mis. Anno de 1637”. Como tal a Misericórdia era anualmente obrigada a mandar fazer um oficio com 9 eclesiásticas por sua alma por o que deixava à Santa Casa, anualmente, 30 medidas a receber na sua Casa do Paço e que estas fossem distribuídas a um seu servidor leal e aos pobres (10) aquando de Quinta ou Sexta feira Santa, à porta da Igreja da Misericórdia.
Após aclamação de D. João IV, D. Lopo da Cunha fugiu para Espanha e não regressou a Santar, sendo limitado o acompanhamento directo da obra da Igreja.
A Igreja devia beneficiar de um adro frontal mais alargado que valorizava a sua fachada, mas foi posteriormente diminuída devido à construção de um muro da Casa de Santar. O edifício primitivo de traço maneirista foi objecto de inúmeras alterações ao longo dos séculos na perspectiva de engrandecimento e adaptação às necessidades do culto e as novidades artísticas.
A configuração actual da fachada resulta de uma reforma que se realizou no século XVIII (década de 30). As tribunas ou Coros foram abertos nos finais do século XIX. A tribuna do lado da Epístola destinava-se aos irmãos da Mesa Administrativa e a do lado do Evangelho às Senhoras. A cobertura da Capela-Mor é em madeira ripada em forma de abóbada. O arco do triunfo é revestido por talha dourada que faz o prolongamento dos dois retábulos colaterais. No lado direito da “nave (?)” há um púlpito neogótico. As paredes da Capela-Mor são parcialmente revestidas por azulejos azuis e brancos oitocentistas.
O retábulo-mor é a maior estrutura maneirista do concelho. Apesar de várias alterações a sua estrutura de conjunto mantêm-se. A parte da Talha foi executada aproximadamente em 1650 e o espaço central foi aberto nos inícios do século XVIII para albergar o trono. A pintura dos painéis terá sido feita mais tarde que o entalhe do retábulo, em 1675 e 1679, pelo pintor Manuel Araújo Ponces que recebeu setenta alqueires de pão da Misericórdia a preço de 130 reis cada alqueire que fez soma de 9100 reis para acabar de pagar o valor que ele levou de 80.000 reis. O dourado e pintura branca já foram de 1900.
Estruturalmente subdivide-se em 2 andares na horizontal e em 3 corpos verticais. Colunas jónicas com estrias oblíquas no terço inferior. Nos intercolunares temos Santo António e Santa Catarina seiscentistas. A tribuna central tem a imagem de roca de Nossa Senhora da
Soledade. No corpo central São Luís e Santa Eufémia e nos flancos do lado esquerdo Santa Catarina e do lado direito Santa Isabel.
O segundo andar tem ao centro duas colunas jónicas que ladeiam um painel pintado com a Mãe de todos os homens, Nossa Senhora das Misericórdias. O retábulo fecha com frontão curvilíneo onde se vê dentro de um circulo IMI (Jesus, Maria, José). Os retábulos laterais datam do século XVIII. O retábulo lateral do período joanino no interior de um arco de granito, (foi objecto de adaptações).
Tem 5 figuras em alto relevo, em cima um Pai eterno, no meio a Virgem e São João e no interior São Miguel Arcanjo e São Lourenço. Este conjunto circunda a Cruz de Cristo central. A imagem de Cristo Crucificado deveria pertencer a outro retábulo. As imagens de São Miguel e São Lourenço e o pai eterno terão pertencido a outro retábulo que deveria ser dedicado às Almas enquanto o Cristo Crucificado, ladeado pela Virgem e por São João formam o conjunto do Calvário que deveria constituir a essência do retábulo.
Na Capela Lateral um retábulo neo-clássico, envidraçado com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e também envidraçada está a urna com Cristo morto. O púlpito é neo-gótico.
Cruzeiro:
O Cruzeiro encontra-se resguardado por um alpendre seiscentista e a sua Cruz ostenta a imagem de Cristo. Este Calvário era objecto de grande adoração.
Nota: Esta breve nota foi elaborada pela Rute Loureiro, a quem O Indigente agradece desde já a colaboração
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