Serração da Velha - A História....
Esta tradição, muito antiga e de origem pagã, realiza-se na noite de quarta-feira que precede o terceiro domingo da Quaresma, chamado domingo "laetare", por antigamente, quando a missa era celebrada em latim, começar assim o salmo da entrada.
A serração da velha pretende renovar a vida. Grupos de jovens acercam-se das casas dos mais idosos, apontando-lhes os defeitos, reais ou imaginários, intimando-os a deixarem os seus bens e simulando a sua imolação.
Considerados como bodes expiatórios, os velhos são serrados para cederem lugar aos novos.Esta tradição secular assinala o meio da Quaresma e acaba com o enterro da velha, representando o "terminus" do tempo de penitência.
A Serração da Velha continua a ser celebrada, ainda que por vezes sob a forma cristianizada da "Queima do Judas" como em algumas regiões é festejada.
A crença antiga unia a vida à morte num ciclo de perpetuo renascimento, tal como ao Inverno sucede a Primavera.O cristianismo haveria de fazer coincidir a Ressurreição do Senhor com a celebração da Primavera, tal como à data em que ocorriam as saturnais romanas e entre os povos mais antigos tinham lugar os cultos de adoração ao Sol foi atribuído o nascimento de Jesus, sem que no entanto exista qualquer comprovação bíblica.
Apesar de se tratarem de diferentes versões de uma mesma celebração, os ritos da Serração da Velha e da Queima do Judas apresentam extraordinárias semelhanças, a mais importante das quais constitui a leitura do respectivo testamento que,em ambos os casos,é invariavelmente utilizado como arma de crítica social aceite por todos.Tal como o jejum observado por cristãos durante a Quaresma e pelos muçulmanos no Ramadão pretende purificar o corpo e a alma do indivíduo,a crítica subjacente ao "Testamento" lido na Queima do Judas ou na Serração da Velha procura corrigir certos defeitos conhecidos entre a comunidade.
Algumas quadras de exemplo:
"Estamos no meio da Quaresma,
sem provarmos o café.
Vamos serrar esta velha
para o altar de S. José."
ou
"Estamos no meio da Quaresma,
sem vermos nado do teu amor.
Vamos serrar esta velha
para o altar de Nosso Senhor."
"Digo-te adeus, minha avozinha,
nesta noite tão lembrada.
Não tens nada que nos dar,
damos-te uma boa chocalhada."
O padre, homem feito, casado ou solteiro, leva os livros "sagrados" por onde canta os ofícios, com voz que faria inveja a muitas cerimónias da igreja, em coro ou em diálogo, como é costume em ofício de corpo presente e de acordo com o estatuto da velha a serrar:
"Se é rica e tem dinheiro,
faz-se o ofício por inteiro,
se é pobre e não tem nada,
arma-se-lhe uma gargalhada."
Os acólitos, rapazes novos, fazem as exéquias que convém ao ritual,serram os paus, tocam os chocalhos, choram as lágrimas dos netos desamparados;
Em Santar, manda a tradição que os velhos atirem a penicada ao cortejo,respondendo estes com esguichos de água provenientes das antigas máquinas de sulfatar.
Texto gentilmente cedido, pelo, "Tonhé" ao qual o Indigente agradece desde já o ajuda prestada sobre a história de mais uma das grandes tradições de Santar.
5 comentários:
Heehehehehe...!!! Grandes malucos, assim é que é!!! A foto ficou demais !!! E o video, já está no Youtube??? Abraço a todos.
Carlos Santos
boas a foto nao deste ano abraço
Sim...
A foto não é de este ano...
É do ano passado. Usei-a simplesmente para aproveitar o texto do Tonhé sobre esta bela tradição.
muito fixe. continuem assim estou a gostar de ver que as tradiçoes de Santar nao sao esquecidas.
como gosto de ver estes rapazes.cada ano que passa a serraçao esta melhor um grande abraço para todos.placas
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