As Alminhas
Surgem do nada, misteriosos marcos que nos fazem navegar por uma história que nem sempre entendemos.
São sinais, mensagens, ou até códigos.
A imaginação atribui-lhes poderes, que não estou certa que os tenham... chamam-lhe "As Alminhas"
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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As alminhas são de facto um documento importante que reflecte por um lado uma expressão de arte popular e por outro a associação à religiosidade do nosso povo.
Pelo que me contavam as pessoas mais velhas, elas representam, simbolicamente, um caminho.
Não são um altar, mas mais uma invocação, um pedido se quisermos, a que se reze pelas almas do purgatório.
É neste contexto que elas são mais importantes: encontram-se a caminho do cemitério, mas mais um pequeno pormenor minha querida Titá – (um beijo!) – existe na esquina da nossa escola primária, junto ao limite da casa do Capitão Matos, uma pedra redonda cujo simbolismo se enquadra no mesmo espírito de invocação, de pedido, de oração pelas almas, sobretudo pelas que acabam de falecer, cujo corpo vamos depositar, fisicamente, no cemitério e cuja “alma” irá passar pelo purgatório a caminho do Céu.
Mais ainda, essa pedra anuncia a proximidade daquela que apresentas na foto, o caminho para ela. Como que a chamar a atenção para ela - provavelmente porque deu muito trabalho a fazer.
É maravilhoso as coisas que temos, que vemos todos os dias e para onde olhamos sem o mínimo de preocupação.
Importa, não só este, mas que a todas as pedrinhas do nosso Santar seja dada a história que a sua vida merece.
Obrigado
As Alminhas, são pequenos monumentos de origem pagã, anteriores ao cristianismo, designados por Lares (Lares=Deus).
Lares Compitales – Proteger as propriedades e culturas;
Lares Viales – Proteger os caminhantes e prevenir os maus encontros;
Os Lares eram colocados nos cruzamentos e entroncamentos, primitivamente poderiam ser montes de pedras, velas, etc.
Posteriormente, desde o Concilio de Trento, passaram a designar-se por Alminhas, pois a Igreja católica como não conseguia “desenraizar” este costume do povo, decidiu tolerá-lo e adoptá-lo, como sendo monumentos ás Almas do Purgatório. (Neste Concilio, foi decidido que existia alem do Céu e do Inferno, o Purgatório, onde as Almas purgavam os seus pecados para posteriormente subirem ao Céu, os seus fundamentos são curiosos bem como outras curiosidades deste Concilio, como as “Barregãs” do Barroso português, mas que dariam outra história)
Características gerais das alminhas:
- Têm a imagem de Nª Srª do Carmo – padroeira das Almas do Purgatório - (ou outras, como o Espírito Santo, Cristo Crucificado, etc.);
- Estão representadas as chamas do inferno e nestas as almas do purgatório;
- Por vezes têm as siglas P.N., A.M., G.P., (Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai), todas ou só algumas (quem passava por elas rezava estas orações pelas Almas).
Com esta pequena explicação, proponho-me a alertar para estes “Pequenos” monumentos, que são por vezes maltratados e desprezados, e que tanta história nos contam, sobretudo aqueles que remontam aos primórdios do cristianismo
Antes de mais agradeço a informação riquissima que tanto o meu querido Amigo Armando, como o Tonhe partilharam conosco. Depois, aprazo-me por sentir que de alguma forma, apesar da minha breve explicação, sentiram o meu alerta.
Há por SAntar inúmeros marcos como este exemplar. Nem todos da mesma época, nem todos com o mesmo simbolismo. Há uns anos atrás foram alvo de estudos realizados pela equipa de Arqueologia da Faculdade de letras da Universidade de Lisboa, da qual tive o prazer de albergar alguns elementos e dos quais fiquei amiga. Posso por isso garantir, que existem nestes marcos riquezas hisóricas de enorme valor e que não estamos a cuidar, preservar e respeitar.
Deixo aqui o alerta, pois tal como os belissimos monumentos da vila, também estes pequenos marcos merecem a nossa atenção, restauro e preservação.
Alminhas:
Nome atribuído a pequenas imagens, pinturas e painéis que se destinavam a solicitar orações a crentes pelas almas do Purgatório. A origem deste culto encontra-se nas confraria das almas, o qual foi pregado e desenvolvido pela Contra-Reforma. Estes painéis de características populares tiveram origem na arte erudita dos grandes pintores. É vulgar encontrarem-se neles representados, além de símbolos religiosos, homens e mulheres de diferentes raças e classes sociais, representantes eclesiásticos, todos envolvidos pelas chamas do Purgatório.
(in "nova enciclopédia portuguesa")
Cumprimentos:
Ordysi
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