Agitar as águas

“Não é culpa minha se o copo humano não pode resistir três dias sem beber. Não me sabia tão prisioneiro das fontes. Não suspeitava de uma tão curta autonomia.”
Saint – Exupéry, 1946

Sentada no café, como de costume ao fim de almoço, não pude deixar de ouvir a conversa da mesa ao lado, onde se dizia, que um funcionário da Câmara depois de ter sido chamado e de ter ido ver uma torneira que estava a jorrar água para a via pública, disse: - deixa arder que hoje é feriado amanhã compõe-se.
Ora isto significa que a dita torneira esteve a jorrar água pelo menos 24 horas.

Seria uma hora de trabalho, ou nem isso, que deixava o dito sr. cansado?
Claro que não, mas mais uma vez as pessoas só pensam em si próprias, ou melhor nem em si próprias, porque se a dita pessoa estivesse devidamente informada, saberia que o planeta corre riscos de ficar sem água potável e TODOS, vamos sofrer as consequências dos nossos actuais actos.
A isto também se chama falta de educação, particularmente de educação ambiental. Na verdade apesar da Terra possuir uma quantidade apreciável de água, a maior parte dela não pode ser directamente utilizada pela Humanidade. Cerca de 97,5% da água é salgada, e portanto não é potável, e 1,97% da água potável, não pode ser utilizada porque permanece gelada nas calotes polares e nos glaciares. Isto significa que 0,53% da totalidade da água do planeta pode ser utilizada pela espécie humana.
Prevê-se que em 2025 se acentue a falta de água e 2,5 mil milhões de pessoas terão menos de 1000m3 de água por ano e por pessoa para viver.
Por isso meus amigos não podem continuar a ter atitudes como a supracitada, pois não é a Câmara ou o vizinho do lado que sofre as consequências, somos todos.
Elsa Loureiro