terça-feira, 2 de junho de 2009

Consciência Verde

Observe!
Todos os bens disponíveis na Terra e que o homem pode utilizar em seu benefício são designados por recursos naturais. Na actualidade a humanidade depende de uma grande variedade de recursos naturais que permitem o aumento da complexidade das actividades humanas e ao mesmo tempo desenvolver uma maior autonomia e capacidade de sobrevivência. No entanto os seres humanos devido a uma maior dependência do meio que os suporta, têm vindo a aumentar a exploração dos mais variados recursos naturais, o que pode ter graves consequências para as gerações futuras. É cada vez mais importante pensar numa gestão racional dos recursos naturais, no sentido de conseguir um desenvolvimento sustentável, isto é, um desenvolvimento que vá ao encontro das necessidades das pessoas no presente sem comprometer as gerações futuras.
Mas não é isto que se passa, observem a foto acima, sabem onde é?
Já todos viram o impacto ambiental provocado pela acção humana, neste local, que se designa por Fontanheiras. Creio que até mesmo a senhora condessa das Fontanheiras já reparou para esta paisagem que outrora era uma aldeia rodeada de vasta vegetação, hoje está degradada e amanhã como estará?
A exploração de areia implica a remoção de enormes quantidades de solo e a destruição do coberto arbóreo, o que causa alterações profundas na paisagem natural.
Vamos passar à prática e peço a quem de direito, que faça algo, nem que seja para obrigar à simples reflorestação, pois é URGENTE conciliar o progresso e a tecnologia com soluções que apostem numa redução dos simples impactos ambientais, de modo a permitir a vida num planeta saudável.
ps. Vá lá Sr.ª Condessa das Fontanheiras ponha a plebe a trabalhar. (...)
Elsa Loureiro

8 comentários:

Carlos Aurindo 2 de junho de 2009 às 23:36  

@ Elsa

Se não estou em erro a foto é das Fontanheiras p'rá desaparecida "Velha Pinouca" (não sei se é assim que se escreve).
Infelizmente a extracção de areia compensa, não a natureza e ou ecossistema, mas os bolsos de alguém.
cumprimentos:
Ordysi

Alexandre 3 de junho de 2009 às 00:25  

Isso é conversa de geóloga :P

Tó Neves,  3 de junho de 2009 às 09:57  

Conheço mais exemplos em concelhos vizinhos, nomeadamente em Oliveira do Hospital, na freguesia do Seixo da Beira, mas aí como o terreno é mais plano fazem buracos que se transformam em lagoas.
A Lei e as autorizações de exploração, obrigam a que os espaços que deixam de ser explorados sejam reflorestados, mas isto é uma prática que poucos ou nenhum proprietário põe em curso, e quando o fazem em vez de utilizar as especies autoctones, platam eucaliptos, e mesmo estes devido a pobreza dos solos não vingam.
Devia olhar-se mais profundamente sobre estes assuntos, podemos tentar emitindo estes alertas, mas os lobies são mais poderosos, e por incrivel que pareça as multas a que estão sujeitos compensam o crime ambiental - (ESTE GOVERNO DIMINUIU AS COIMAS AMBIENTAIS!!!!).
Só por curiosidade: 1cm de solo arável (apto á agricultura) demora cerca de 500 anos a formar-se!!! E "nós" destruimo-lo em segundos!!!!

CT,  3 de junho de 2009 às 10:20  

PINOCA


Há umas boas dúzias de anos,era uma pequena aldeia com uma dúzia de casas algumas edificadas em linda cantaria, outros encastradas nos prórios rochedos. A sua população era muito acolhedora, viviam em condições quase primitivas, sem electricidade, ou quaisquer outras condições que não fossem a própria e linda natureza que os rodeava. Quando nos meus tempos de menina ía com minha mãe até bem ao cimo da aldeia, já nessa idade eu ficava deliciada por me sentir em tamanhas alturas. Cheguei a perguntar à minha mãe porque não íamos morar para lá.

À cerca de dois anos, por necessidade subi até ao cimo da aldeia, o meu coração chorou quando encontrei o quadro lindo que fazia parte da minha memória, absolutamente desbotado, rasgado, partido em partículas tão pequeninas que mal se podia enxergar que tal pedacinho de terra tivesse albergado famílias que ali fizeram a sua vida, alí tiveram e criaram os seus filhos.

Fiquei estática, quase não queria acreditar, o lixo tóxico era uma realidade em todos os cantos daquele quadrado de terra, à sua volta não se lobrigava um pinheiro, apenas silvas infestavam o local.

Dei uma volta e deparam-se-me máquinas a extrair as areias. Alguns locais já se verificava a reflorestação.

Novamente por necessidade à cerca de um mês fui falar com o proprietário do local - Sr Armindo - observei-lhe a situação em que se encontrava o promontório da Pinoca, chamando-lhe a atenção para a falta das pedras que pertenciam às casas entretanto que devido ao abandono entraram em ruina, já poucas lá exixtem porque até isso foi vendido.

A situação da povoação quanto a proprietários, é complexa, mas nesse local existem seis parcelas que não fazem parte do património do dito Armindo.

Estou em conversação com o mesmo a fim de que o local seja limpo uma vez que foi ele que espalhou todo aquele lixo tóxico.

As Fontanheiras poderão ser a Rainha do Dão, mas a Pinoca era o Bastião que do seu promontório zelava pela paz da e bem estarda sua rainha. Muitos dos seus Vassalos foram pinoca abaixo e assentaram arrais no reino das Fontanheiras, arrancaram as raízes que os prendiam à Pinoca e foram prostar-se aos pés dessa senhora.

Anteriormente era o Rio Dão que cá do fundo lhes rendia constante homenagem iluminando-os com as suas águas correntes e límpidas (hoje poluídas e sem correntes, hoje são eles que despojados das suas belezas naturais estão a
levantar os olhos e a chorar a morte da PINOCA

Também eu de certo modo a choro, já não vejo no rio junto à ponte a pedra lisa onde minha querida mãe, no verão, ía lavar a roupa, vou estar sempre chorando duas grandes perdas:

- Minha Mãe e a pedra lisa do rio Dão em sua homenagem vou deixar aqui um poema - escrito pela saudosa Amália - de um fado praticamente inédito


LAVAVA NO RIO LAVAVA
GELAVA-ME O FRIO GELAVA
QUANDO ÍA AO RIO LAVAR
PASSAVA FOME PASSAVA
CHORAVA ÁS VEZES
AO VER MINHA MÃE CHORAR

CANTAVA TAMBÉM CANTAVA
SONHAVA TAMBÉM SONHAVA
E NA MINHA FANTASIA
TAIS COISAS FANTASIAVA
QUE ESQUECIA QUE SONHAVA
QUE ESQUECIA QUE SOFRIA

JÁ NÃO VOU AO RIO LAVAR
MAS CONTINUO A SONHAR
JÃ NÃO SONHO O QUE SONHAVA
SE JÁ NÃO LAVO NO RIO
PORQUE ME GELA ESTE FRIO
MAIS DO QUE ENTÃO ME GELAVA

AI MINHA MÃE MINHA MÃE
QUE SAUDADES DESSE BEM
DO MAL QUE ENTÃO CONHECIA
DESSA FOME QUE PASSAVA
DO FRIO QUE ME GELAVA
E DA MINHA FANTASIA

JÁ NÃO TEMOS FOME MÃE
MAS JÁ NÃO TEMOS TAMBÉM
O DESEJO DE A NÃO TER
JÁ NÃO SABEMOS SONHAR
JÁ ANDAMOS A ENGANAR
O DESEJO DE MORRER

Condessa das Fontanheiras,  3 de junho de 2009 às 19:02  

Em muito boa hora reconheço o verdadeiro "atentado" ambiental que há muito venho a reparar, do cimo do meu solar... Dentro da minha consciência verde, que sei de valor, temo conjuntamente com a sua pessoa, as verdadeiras pegadas ecológicas que cada um de nós tem vindo a construir! Mas caríssima, a minha consciência continua de valor mor... implantado o sistema governamental que assistimos, vejo-me de pés e mãos atadas... não reside o poder nas minha nobilíssimas mãos, pois ele tende a cair em mãos desengraçadas e até mal parecidas… de quem cuidadosamente as vem limpando com pedra pommes para atacar de quatro em quatro anos … construindo pegadas gigantes, ecológicas e até morais, tentando vestir perfis importantes.
Quanto a pôr a plebe a trabalhar, vou tentar fazê-lo, apesar de saber, tão bem como eu, a indisciplina que se faz passear no mundo…vou fazê-lo num dia de menos calor, pois apesar de não terem uma pele sublime, como a minha, requerem cuidados básicos!
Cumprimentos da Realeza, em especial para si, CONSCIÊNCIA verde.

Elsa Loureiro,  4 de junho de 2009 às 23:12  

@Alexandre
Conversa de Geóloga / Bióloga ou simplesmente de uma cidadã preocupada com o ambiente, como queira. Assunto, que aliás , nos deveria preocupar a todos, até porque vivemos na mesma casa, no planeta Terra.
Também como geólogo pode partilhar connosco a sua opinião mais detalhada sobre estes assuntos, é sempre benéfico aprender algo de novo.
Relativamente ao solo é de facto uma sucessão de camadas sobrepostas onde se desenvolve uma grande variedade de seres vivos. sucessão esta que demora muitos anos a formar-se e qualquer alteração profunda, como a observada nas Fontanheiras provoca desequilibrios graves em todas as comunidades bióticas, isto é, em todos os seres vivos da região, vegetais e animais. assim a reflorestação é urgente.

Titá 4 de junho de 2009 às 23:26  

Há já muito tempo que ao passar nas Fontanheiras, essa imagem desoladora da desaparecida Pinoca nos atormenta.
Acho muito importante a forma como expuseste o assunto aqui, e espero sinceramente que sirva de alguma forma para que os proprietários dessa exploração cumpram a Lei e de uma vez por todas, assumam que está na hora da reflorestação.

Anónimo,  14 de junho de 2009 às 23:09  

Cara Elsa,

pertinente este alerta.

Bem, a extracção de inertes é violenta para a natureza. É um mal, dizem, que necessário cujo impacto é brutal. Aí, nas margens do Dão, é vergonhoso. Acredito que para além do impacto visual, ainda provoca turbidez nas águas com consequências desastrosas para a biodiversidade aquática. Os interesses económicos falam mais alto.

Desculpe Esla, não a vou maçar com tratados ambientais. Sabe bem do que fala.

Abraço,

P

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