quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Turismo Cultural



A crescente preocupação pela preservação do património originou um turismo específico que levou ao nascimento do termo turismo cultural. Termo muito conhecido actualmente e que é a chave para o desenvolvimento económico e social.

O conceito de turismo cultural é relativamente vasto e inclui áreas muito diversas, tais como, arte, arqueologia, etnologia, património monumental e edificado, gastronomia, festas, usos e costumes, património natural e agrícola, cultura oral, etc. Áreas que têm sido desenvolvidas localmente na criação de novas ofertas de lazer, como parte integrante de uma política de desenvolvimento sustentado.

Na implementação de um turismo cultural as visitas a museus, exposições temporárias, sítios arqueológicos e unidades etnográficas devem ser um complemento ao contacto directo com o meio ambiente e áreas rurais e com a população local que é a principal detentora dos usos, costumes e tradições.

Este desfrute e conhecimento converteu-se no objectivo mais apreciado pelo turista que pratica este turismo tão específico e que é atraído por formas de vida, infelizmente, já desaparecidas na maioria das nossas sociedades, que hoje passaram a ser contempladas com nostalgia e um certo romantismo fruto das carências que as caracterizam.

Os projectos de cariz cultural devem contemplar à priori vários aspectos de extrema importância, tais como a contratação de equipas especializadas e interdisciplinares, a investigação sobre a realidade e envolvente social, cultural e comunitária, a necessidade de articulação entre os diversos projectos, a definição de objectivos, os custos adicionais de manutenção e o orçamento anual necessário para o seu pleno funcionamento.

Aos aspectos explanados anteriormente deve-se juntar o mais importante neste tipo de projectos; o envolvimento directo da população local, detentora do saber fazer e principal gestora e fruidora do seu património cultural, para que o desenvolvimento que daí advir seja um desenvolvimento sustentável.

Envolver directamente a população local implica a educação da mesma, ou seja, o faze-la perceber que o conhecimento secular que detêm, o território que usufrui e trabalha, a casa que habita, os utensílios que utiliza, as datas que festeja são importantes e únicas. Por tudo isso deve sentir orgulho de saber o que sabe, viver onde vive, fazer o que faz e festejar o que festeja.

No caso particular do nosso concelho e da nossa freguesia, temos um património natural e edificado que ainda não sabemos potenciar.
Tenho esperança, que associações e grupos de cidadãos que se estão a interessar pelo assunto, como o caso do Indigente a ACI e a APRDÃO, venham a desenvolver o turismo cultural na nossa região.

6 comentários:

António Neves,  3 de setembro de 2009 às 10:26  

As fotos que ilustram este texto são no concelho de Nelas!

Contestatária,  3 de setembro de 2009 às 12:15  

TURISMO CULTURAL,ONDE E COMO?


O turismo cultural, termo relativamente recente, pelo menos nos meios portugueses menos documentados. Santar, e é de Santar que estou falando, uma vez que o blog foi criado por santarenses e para Santar (?), tem, mas já teve mais de que se orgulhar com o turismo cultural. Poucas são as as premissas que deste assunto puderemos obter.

Mas para mim, nada e criada neste quadradinho de terra, por mim amado, por mim cantado, por mim idolatrado e que tenho vindo a observar, com muita pena minha, que os filhos de Santar pouco se têm detido para pensar que têm aqui, em Santar, uma riqueza não só cultural, mas também etnográfica, linguística, arquitectónica, rural, etc.Temos os nossos vinhos, temos os nossos azeites, temos o nosso milho branco, com que as famílias produziam o pão, o tear de madeira onde se teavam lindas mantas de trapos, tanta coisa bonita que nós, pura e decididamente pusemos no cesto das recordações, quando, o que é mais doloroso, votámos ao esquecimento.

Como diz o Indigente, no caso particular de Santar, o nosso património é, na sua grande maioria, edificado. Mas não só de edificações senhoriais, pois que, também as havia, modestas sim, mas encantadoras, com os seus pátios, as janelas, que ainda as há e lindas,os fornos para cozer o pâo, o alambique artesanal para destilar o bagulho da uva, o lagar de azeite também artesanal, para esmagar a azeitona que nos presenteava com um líquido doirado e cheiroso, para temperarmos as batatas e as couves portuguesas produzidas pelos nossos agricultores, e, além de temperar a comida, ainda tinha a doce utilidade de iluminar as nossas humildes casas. Era o centeio, era a cevada, eram as desfolhadas noite dentro com cantares das nossas antepassadas. Meu Deus, é este o turismo a que eu chamo de cultural.

Ele não está devidamente assinalado, salvo num parecer pedido ao Historiador Veríssimo Serrão, que eu própria, há já alguns anos transcrevi e enviei para uma pessoa amiga, daqui de Santar e que foi inserido no seu site.

Aí, além de falar nas nossas origens, mas umas origens já mais recentes, onde não é sequer abordada a criação, não só de Santar mas indo mais além, do próprio distrito.

Tudo o que aqui elenquei neste pequeno comentário, me fez renascer as saudades de um tempo que nunca mais irei ter.

Para se poder reescrever e dar a conhecer toda esta montra de artigos lindíssimos, será necessário recorrer a historiadores

António Neves,  3 de setembro de 2009 às 14:02  

@ Contestatária

O segundo parágrafo do meu post, define o conceito de turismo cultural, que abrange todas as áreas que fala e não só o património edificado.

A ideia base do meu post é a de se aproveitar todas as riquezas de uma região para a promover, dai o turismo cultural, que abrange todas as áreas, e não só dar enfase ao património edificado e ao vinho, que muito sinceramente é sou o que de Santar se divulga, e mesmo assim sem aproveitar todas as suas potencialidades.

Como conhecedor do assunto e interessado por tais temas: história, ambiente e cultura - tenho formação em turismo, já exerci a profissão de Técnico de Turismo - e como tal gostaria de ver implementado em Santar ou que já se faz noutros locais: um turismo focado no que é nosso e nalguns casos único, sendo que o turismo cultual abrange todas as áreas.

Como refiro no meu post, para se conseguir levar avante um projecto desta natureza, é necessário o envolvimento de todos: Associações, poder publico, cidadão e sobretudo as pessoas da região.

Nunca perdi a esperança de em Santar surgir um projecto inovador nesta área.

Cordiais saudações

Carlos Aurindo 3 de setembro de 2009 às 16:50  

@ Tó

não sei se a fotografia da casa é recente ou não, quero agradecer-te pelo avivar da minha memória.
é na verdade uma das casas com bastante interesse subaproveitadas em Santar, devido á sua arquitectura e histórias que ela própria carrega através dos tempos.
concordo plenamente contigo quanto ao potencial natural que Santar tem mas, o "starter" tem que partir não só dos particulares como tambem das entidades competentes.
mais uma vez agradecido.
cumprimentos:
Ordysi

Contestatária,  3 de setembro de 2009 às 17:09  

Caríssimo António, grata pelo esclarecimento, não precisava porquanto o seu post, além de muito bem escrito é, também, por si só, esclarecedor.

Percebi perfeitamente a mensagem do Caríssimo Indigente. As suas ambições acerca da nossa/o Vila/concelho, vão para além daquilo que, humanamente não é muito acessível aos nossos queridos conterrãneos, mas a sua juventude aliada aos seu conhecimento sobre o assunto, e tendo ainda como complemento a entreajuda dos nossos irmãos Santarenses, poderá/deverá/deve, ser uma mais valia, que`"a priori", tem conteúdo para, "á posteriori" se enquadrar dentro dos parâmetros em que se inserem estes objectivos, e levar-nos ao levantamento de uma obra que será um fenómeno se os Santarenses se unirem e quiserem rever-se com orgulho naquilo que eles próprios ajudaram a construir.

Com amizade e desejos que estes projectos não sejam só aqui,mas muito para além daquilo que, humanamente, é pedido a todos nós, incluindo associações,patrocínios, subsídios, estatais e particulares, filantropias também poderão aparecer e serão recebidas com um coração aberto e apertado amplexo, para que todos nos sitamos em sintonia e irmanados pelos mesmos ideais.

Um abraço da Contestatária

António Neves,  3 de setembro de 2009 às 17:42  

@ Carlos Aurindo
A foto é de 2007, seu autor: J.M. Duarte Figueiredo, in Beiras. Retratos. E Olhares.

De algumas do seu blog - Visoeu - é das mais belas, e por ser uma casa que nem toda a gente se aprecebe da usa beleza arquitectónica e paisagistica.

Já agora a outra foto é de uam cascata do Pantanha nas Caldas da Felgueira, mais um "tesouro" do nosso concelho conhecido por poucos.

Cumprimentos

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