quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

D.Duarte de Bragança Louco ou Visionário ?





D. Duarte
"Empréstimo do Brasil seria sempre melhor que do FMI"

por FERNANDO MADAÍL


Na sua mensagem de 1º de Dezembro, D. Duarte lançou a ideia de uma Confede-ração de Estados Lusófonos, para servir de rede ao falhanço do projecto europeu. Ao DN, advoga que o Brasil pode vir a desempenhar na CPLP o papel que, hoje, a da Alemanha tem na UE

Na sua mensagem de 1º de Dezembro defendeu a ideia de uma futura Confederação de Estados Lusófonos. A CPLP pode ser aprofundada?

A CPLP deveria começar a evoluir para uma Confederação de Estados Lusófonos, que não é uma alternativa às alianças regionais (Mercosul, UE ou União Africana), mas um complemento - que, no caso de Portugal, iria conferir-nos uma posição muito mais forte dentro da UE, como a Inglaterra tem vantagens por causa da Common- wealth. Como se sabe, Isabel II [de Inglaterra] é rainha de mais uma dúzia de países: Austrália, Nova Zelândia, Canadá, várias ilhas nas Caraíbas e alguns Estados do Pacífico. Mas a Commonwealth não é só a chefia do Estado; é toda uma solidariedade entre esses países. Não sabemos o futuro. E pode acontecer - espero que não! - que as coisas corram muito mal na UE. Nesse caso, é bom termos uma alternativa.

E quais seriam as vantagens dessa confederação?

Há uma diferença muito importante entre a Confederação dos Países Lusófonos e a União Europeia. A UE tem uma certa unidade cultural - enquanto assumirmos que é, como diz o Papa Bento XVI, uma mistura entre a espiritualidade judaica, a lógica grega e o sentido de organização romano -, mas baseia-se sobretudo em interesses, enquanto a lusofonia é uma questão de afectividades. Apesar de todas as divergências e das guerras de independência, mantém-se uma afectividade e uma identidade cultural muito fortes. O que é que distingue um timorense de um indonésio? Aquele espírito cristão, de caridade e de respeito pelos outros que não existe na Indonésia. É também o que distingue um angolano de um zairense ou um moçambicano de um sul-africano.

E como imagina essa confederação, pois não existe uma monarca comum como na Commonwealth?

Claro que a Commonwealth tem essa grande vantagem de ter uma rainha que é o Chefe do Estado de todos os países, mas isso não é indispensável. Uma união de repúblicas independentes pode muito bem criar uma série de organismos que preparem o caminho para uma confederação. Há vários exemplos. A própria UE, no meu entender, devia ser uma confederação e nunca uma federação. Muitos dos fundadores da UE diziam que o modelo para a Europa do futuro devia ser a antiga Confederação Suíça, em que as diferenças eram respeitadas. Infelizmente, estão a tentar uniformizar tudo e a extingir as diferenças, a começar pela moeda comum, que, como era de prever, provocou aos pequenos países um desastre económico.

Há alguma resistência ao Brasil como a potência dominante na CPLP?

Cada um dos grandes países tem um contributo importante a dar. Angola poderá vir a ser, em breve, uma grande potência económica - e tem todas as condições para ser um Brasil em África, desde que consiga resolver os problemas de adaptação à democracia e garanta uma administração que funcione melhor. Portugal tem inegavelmente capacidades enormes do ponto de vista cultural e científico. Mas é óbvio que o Brasil tem a dimensão, o sucesso económico e o desenvolvimento humano que lhe permitirão ser a locomotiva e um grande esteio da confederação. Se o Brasil tem um potencial económico muito grande isso é benéfico para todos os outros membros. Neste momento, na UE, estamos todos pendurados na Alemanha. Os alemães estão fartos e dizem que já não estão para aturar os países que se governaram mal e, daqui a pouco, deixam-nos cair.

Na sua mensagem, sugere mes- mo que "muito nos beneficiaria negociar com o Brasil um empréstimo em melhores condições do que com o FMI ou a Europa". O Brasil poderia ser a nova Alemanha?

O Brasil tem capacidade para ser o motor do desenvolvimento económico de todos os países lusófonos. Veja-se esta curiosidade: o Estado de Minas Gerais, que é o terceiro mais importante do Brasil, só por si seria um país mais importante do que a Argentina, o Chile ou a Venezuela.

E que vantagens teria o Brasil, já representado no G20 e a reclamar um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU, com a confederação?

Um país que atinge certo nível de desenvolvimento económico começa a ter também interesses geo-estratégicos. Assim como os EUA estão muito interessados no que se passa no resto do mundo e têm a sua área de influência, o Brasil também estaria interessado em ter uma presença na Europa que lhe pode ser benéfica, do ponto de vista económico e também político, e uma presença em África aparentemente menos interessante, mas com futuro - e, já hoje, o Brasil investe muito em Angola.

Um conjunto de países unidos pela mesma língua teria hipóteses de aumentar a área de influência?

Neste momento, já há interesse da Guiné Equatorial (julgo que tenho alguma culpa na vontade manifestada pelo seu Governo em aderir à CPLP); das ilhas Maurícias, porque se querem associar a Moçambique; e do Senegal, que queria entrar só como observador.

E a Galiza ?

A Galiza gostava de ser considerada uma região (não um Estado) dentro da CPLP. O Governo português fica sempre muito preocupado, não vá eventualmente ofender Madrid. Mas isso não faz sentido. Em primeiro lugar, porque os galegos é que têm de decidir. Depois, porque os castelhanos também nunca se preocuparam em não ofender a nossa sensibilidade quando os interesses deles estão em jogo, nomeadamente quando começaram a ensinar espanhol em Angola.

Ontem anunciou que pediu a nacionalidade timorense. Porquê?


Primeiro, a minha pátria é a língua portuguesa - e gostava de ter uma ligação com o mais recente país de língua portuguesa. Mas sobretudo devido à ligação que todos conhecem e que tenho mantido com Timor-Leste.

In Diário de Noticias Online 02/12/2010


Foi na minha pesquisa de noticias matinal que tive o prazer de ler a opinião de Duarte de Bragança, de onde por vezes menos se espera, surge uma ideia que para mim tem algo de visionário.Deixo à vossa apreciação.

Atenciosamente

8 comentários:

lapis de pedra 4 de dezembro de 2010 às 01:19  

Nem louco nem visionário. É correta a sua visão de aproximação com as ex-colónias principalmente Timor Leste, Angola e Brasil. O primeiro, novo rico em petróleo, já se ofereceu a comprar papéis da nossa dívida...!: Angola a maior economia em crescimento na África já dá emprego a muitos portugueses: o emergente Brasil, maior que a CE, cento e noventa e um milhões de habitantes, oitava economia do mundo, empresta dinheiro ao FMI! Devemos nos orgulhar dos nossos antepassados, o seu legado foi uma obra gigantesca, não priorizar uma política externa para esses países é no mínimo falta de visão por desconhecimento da nossa história, é complicar mais o já complicado momento político que se vive.
O nosso maior obstáculo são os nossos queridos corruptos políticos, o que fazer com eles? Vivemos em democracia, vamos ter que engolir estes importantes senhores para toda a vida, eles legislaram em causa própria, estão acima da lei. Saída há, mas com reformas políticas!
O Engenheiro Agrônomo D. Duarte Pio, representante da casa Real, é conservador e defensor da moral e da ética. Em economia é corporativista. Tem valores que contrastam com os políticos que nos governam.
Tem espaço na mídia, é um formador de opinião.
Se nas suas falas mencionasse o nome de Santar como referência a problemas vividos pelo povo, a política tenderia a mudar mais rápido no interior. A sua ligação a Santar poderia ser aproveitada para difundir nos Países Lusófonos nossos produtos regionais.
Sr. Carlos Rodrigues, bom tema para discussão. Parabéns!

A título de curiosidade: O preço do Queijo da Serra numa delicatessem em Ipanema é correspondente a 120,00 euros o Kg. A sua importação enfrenta muitas dificuldades por ser um produto agro-pecuário com grande controle pelos órgãos sanitários. Com a participação política simplificaria a burocracia.
Cumprimentos
CL

Isabel Tavares,  4 de dezembro de 2010 às 11:54  

Considero uma forma gratuita, senão pouco respeitosa o título dado a esta entrevista do Senhor D. Duarte Pio.
Não sou monárquica por isso não estou aqui a defender a causa real, mas salvo o devido respeito, não pudemos escamotear o valor da figura e o que ela representa, além de que, tal como o Carlos, defendo que as soluções aqui apresentadas pelo Senhor D. Duarte, nada têm de visionárias principalmente o recurso a empréstimos vindos dos países lusófonos a quem já muito ajudámos e que por isso, não deve repugnar-nos aceitarmos a sua ajuda.
D. Duarte, continua a ser um digno representante da Coroa. Discretamente tem levado a cabo grandes causas, como é o caso Timor, onde teve um papel diplomatico digno de um verdadeiro Rei.

Acresce que esta situação em que Portugal se encontra, devido à incompetência de governos sucessivos, tem deixado os portugueses á beira de uma guerra de nervos. Porém o que mais choca no meio disto tudo,é o aparecimento de dezenas de analistas, economistas, gestores que parece saberem tudo e terem advinhado tudo, mas que não apresentam soluções para nada, e pior do que todas estas personagens são os senhores jornalistas quais abutres sempre à espreita de um naco de carne apodrecida e remexendo tudo quanto julguem poder ter algum efeito na obtenção de lucros fáceis sem cuidarem de saber que, com a proliferação e propagação de notícias que só nos prejudicam, levam os abutres das agências de Rating a subir cada vez mais os juros da nossa dívida externa e a descrebilizar ainda mais este pobre país governado por, isso sim, loucos, visionários e mais não digo.

A corrupção é de tal ordem, que já não há sistema adquado que a faça suster. O compadrio aumenta a toda a hora, os boys não largam o "osso". Pessoas acabadas de sair de uma faculdade estão neste momento milionários pela protecção que lhes é dada. Parece vivermos num protectorado, mas ao mesmo tempo a miséria aumenta, o banco alimentar não tem mãos a medir. na rua cada vez se vêm mais sem abrigo. Estive esta semana em Lisboa e chorei porque não há palavras para descrever a tristeza que é ver imensas pessoas deitadas no chão das arcadas da Terreiro do Paço, no metro, por tudo quanto é vão de varandas ou de portas, tapados com trapos e jornais. É sto que o Sr. D. Duarte recrimina. Um louco ou visionario não o faria pois só teria olhos para a sua própria loucura e visão distorcida.

Tudo isto o Senhor D. Duarte quer evitar, e tem lutado para que vivamos pobres sim, mas com dignidade.

E o Senhor Madaíl fez um pessémo título para a entrevista concedida pelo Representante da nossa Coroa.

Mas como eles - os jornalistas, analistas, etc, dizem, já não somos um país soberano porque a UE, na pessoa da sra. Merckl, tudo nos tem tirado. A Alemanha seria um exemplo a seguir se tivermos em conta que ficaram com um país arrasado e reegueram-no com a ajuda dos emigrantes, mas tem na sua história uma mancha enorme que nunca conseguirá limpar.
Nestas circunstâncias a Sra. Merckl,deveria ajudar e apenas tem complicado com as suas declarações a destempo e pressionando todos aqueles que considera fracos. Tenho saudades do meu querido escudo e da nossa independência, independência que nunca mais teremos.
Por tudo quanto antecede aliado ao comentário do nosso conterrâneo Carlos Liberto que lá de longe se tem revelado um grande patriota, O Sr. D. Duarte merece-me grande respeito e tudo quanto afirma na sua entrevista nada tem de "louco ou de Visionário".

Um parente do FM,  4 de dezembro de 2010 às 21:04  

Extraordinariamente, o que me espanta, ou não deveria espantar, é haver pessoas com origens santarenses, virem bater palmas ao artigo falacioso de determinado jornalista que, só o associam a determinado sr, do futebol, abusando da bondade do Senhor D. Duarte Pio, digníssimo representante da coroa Portuguesa, pessoa honestíssima, amante do seu País que é a sua Patria o berço dos seus Nobres Pais e todos os seus Antepassados da Casa de Bragança, se dê ao desbrago, impune, porque disso está ciente, desrespeitoso dos valores que pautaram as regras e os ensinamentos da "Pater-madre" o mesmo que é dizer o valor dos seus Pais que o criaram e por ele deram todo o seu anor e toda a sua dispobibilidade para o seu desenvolvimento, a sua maturidade, a liberdade de pensar por si próprio, dizer do nosso Representante da Coroa, que "Ou é louco, ou Visionário...?

Tenha vergonha sr jornalista, poderá não ser monárquico, ninguém lho pede, ninguém lho exige, eu também não o sou, mas sou, e isso lho garanto ao sr e a todos aqueles que comunguem dos seus valores, que amo e respeito a minha Pátria, e, concomitantemente, o seu representante, neste caso o Sr. D.Duarte Pio. Daí a minha indignaçáo pela forma como é titulado o artigo de que o sr, Fernando Madail é autor.

Carlos Rodrigues 4 de dezembro de 2010 às 21:55  

Aos anteriores 2 comentadores, gostaria de efectuar um esclarecimento, o titulo do post é da minha inteira responsabilidade não me parecendo correcto deixar passar sem este reparo,algumas das dissertações dos comentadores, ao jornalista Fernando Madaíl, sem que disso ele seja responsável. Quanto ao titulo do post, não me parece de todo falta de respeito a forma como é estabelecida a questão, até porque, como diz a sabedoria popular, " de são e de louco todos temos um pouco" ou " de médico e de louco todos temos um pouco". No entanto e como digo no fim do post, esta entrevista tem o seu quê de visionário, não pela questão do empréstimo, como disserta a Isabel Matias, mas principalmente pela Confederação de Estados de Língua Portuguesa, essa sim uma ideia de grande visão e que me parece uma loucura, que os nossos responsáveis políticos, passados e presentes nada façam para dar inicio à germinação desta semente que poderá criar uma comunidade maior em área, que a actual Europa. Quanto a faltas de respeito não foi, não é e não será a minha intenção enquanto Indigente, nem com Duarte de Bragança, nem com qualquer outro, independentemente de ser monárquico, republicano, branco ou preto.

Atenciosamente

Anónimo,  4 de dezembro de 2010 às 22:55  

Parece-me uma boa entrevista de sua Alteza Real,concordo com algumas ideias da D.Isabel,tenho pena que a sua lucidez a considerar politicos nacionais não seja a mesma quando comenta os locais...Porque será???

Isabel Tavares,  5 de dezembro de 2010 às 11:49  

Caro Anónimo de 4-12. 22,55. ao contrário do que afirma, tenho pena que às vezes os meus textos não sejam lidos com algum interesse, pois se o fossem, já teria verificado o quando reclamo, democraticamente, por verificar incongruências na nossa classe política "caseira". O amigo não está mais desiludido do que eu, a vida em Santar no que respeita à nossa participação nos destinos da nossa terra, nem sempre é tratada da mesma forma, por isso muitas vezes tento não pensar que vivo em Santar, prefiro pensar que estou em Almada vivendo no meio dos democratas.

lapis de pedra 5 de dezembro de 2010 às 18:13  

Senhora Isabel Tavares, descreve muito bem a política atual.
No inicio do ano assistindo ao programa Quadratura do Círculo da Sic Internacional, entendi a vergonhosa estratégia política do governo Sócrates.
Do debate faziam parte António Costa, Pacheco Pereira e Lobo Xavier, com a moderação de Carlos Andrade. A discussão era sobre as dificuldades econômicas do governo. António Costa, acuado e sem resposta, na parte final do debate, disse na maior cara de pau sem demonstrar constrangimento: não se preocupem a CE não vai nos deixar falir...!
Depois dessa, esperar o quê deste governo sem vergonha?! Para alcançarem os seus interesses, de forma inescrupulosa, envergonham o País.
Ninguém merece!
Cumprimentos
CL

Maria Menezes 25 de janeiro de 2011 às 14:18  

É nestes blogues republicanos que se vê a educação e civismo desta corja!
VIVA O REI!
VIVA PORTUGAL!

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