terça-feira, 11 de agosto de 2009

Agosto, mês de rio?

Estamos em plena época balnear, e nao posso deixar de recordar tempos passados em que nesta altura se rumava quase que por devoção até ao nosso rio Dão.


Lá, havia a possibilidade de amenizar o calor tipico desta altura, praticar um pouco de natação, conviver, confraternizar e passar parte de verão a desfrutar do que a natureza nos oferece.


Há muito tempo que não me deslocava ao rio. No entanto, à uns tempos atrás, tive a oportunidade de voltar a um sitio que faz parte do meu imaginário, da minha adolescencia, da minha vivencia, e fiquei perplexo com o que vi. O rio foi deitado por completo ao abandono. Está sujo, carregado de poluição, e mais do que isso, parece-me, orfão de vontade que as coisas mudem de figura.


Tenho tido a oportunidade de passar por muitos sitios por esse pais fora em que, felizmente, isso não acontece, e em que os rios são olhados como factor potencial de crescimento e desenvolvimento. Por isso não devemos ficar indiferentes ao estado em que se encontra o nosso rio. Seria tempo de se olhar para ele de forma diferente?




6 comentários:

Contestatária,  12 de agosto de 2009 às 12:26  

Parece, meu caro Indigente, que comungamos da mesma desilusão e tristeza.

Há já alguns anos que vejo o Rio Dão degradar-se todos os dias um pouco. O rio que eu amava e conheci na minha meninice, onde a minha querida Mãe, por esta altura do ano, ía sempre com uma canastra de mantas à cabeça, descendo as muitas matas que íam alminhas abaixo, chegando ao rio Dão, onde poisava a sua carga para descansada da longa e difícil descida, iniciar a sua tarefa que era lavar mantas pesadíssimas que eu, com a minha pouca idade ajudava a torcer. Hoje é impensável repetir tamanha proeza. Primeiro porque já ninguém se daria a esse tremendo esforço e segundo porque as águas do rio estão absolutamente poluídas.

Agora, só me resta a lembrança desses dias duros mas saborosos que era estar um dia inteiro no rio Dão, gozando da fresca sombra dos salgueiros e ouvindo a cantiga do rio que no seu remanso, pacificamente, ía correndo e murmurando docemente a sua sina de nunca parar.

A saudade é tanta que eu, para a saciar esta, elegi um lindo Fado da nossa adorada Amália, e, em memória da minha querida mãe, o vou cantando de vez enquando. Deixo a letra, para quem, como eu, viveu esses tempos. Creio que foi quase todo o Santar:

"Lavava no rio lavava,
Gelava-me o frio gelava,
Quando ía ao rio lavar
Passava fome passava
Chorava às vezes chorava
Ao ver minha mãe chorar

Cantava também cantava
Sonhava também sonhava
E na minha fantasia
Tais coisas fantasiava
Que esquecia que sonhava
Que esquecia que que sofria

Já não vou ao rio lavar
Mas continuo a sonhar
Já não sonho o que sonhava
Se já não lavo no rio
Porque me gela este frio
Mais do que então me gelava

Ai minha Mãe minha Mãe
Que saudades desse bem
Do mal que então conhecia
Dessa fome que eu passava
Do frio que me gelava
E da minha fantasia

Já não temos fome Mãe
Mas já não temos também
O desejo de a não ter
Já não sabemos sonhar
Já andamos a enganar
O desejo de morrer"

É um fado quase inédito da autoria da própria Amália, e que eu considero que se ajusta como uma luva ao tema presente, demonstrando tristeza e saudade numa miscelânia de sentimentos passados e actuais. Os tons misturam-se, as saudades e tristezas do passado, são as saudades e tristezas do presente, porquanto, no passado havia lamento pungente pelas agruras dos pobres e a alegria de viver perante uma natureza tão pura. Hoje há a nostalgia do bonito que eu vivi e por outro lado, a tristeza de já não poder viver essa mesma pureza.

O homem tem vindo a destruir tudo e a destruir-se a si próprio.


Com respeito

Contestatária

Carlos Aurindo 17 de agosto de 2009 às 16:17  

@ Contestatária

Partilho da nostalgia e tristeza que sente. É pena que só se pense em passeios e futebol e não se cuide dos recursos naturais.
Penso que, com menor verba, exemplo: futebol, se cuidava do leito do rio Dão.
Não é obrigatório que se faça uma praia fluvial,como aquela que fizeram no rio Mondego, que está ás moscas, bastaria manutenção e vontade politica, para podermos ter um bom espaço de banhos e lazer.

Anónimo,  17 de agosto de 2009 às 19:19  

@ carlos aurindo.
dizes que preferias as verbas para cuidar do rio dão porque te dá jeito a ti e aos teus colegas,mas eu prefiro as poucas verbas que veem para passeios e futebol que é aquilo que máis gosto.
há e cuidado os rios podem matar.

Anónimo,  28 de agosto de 2009 às 12:29  

anonimo
a
carlos Aurindo
preferes o rio para comerees e bebe rees encher a pança e depois um xarro
para curtir.
a lista deveria ter outro nome sabes qual?
tu sabes.

Anónimo,  29 de agosto de 2009 às 18:54  

To Fernandes, 29 Agosto

Amigo Carlos
Mas que assunto, nao á duvida que o nosso rio, rio de todos, nunca vai poder criar as suas verbas para se poder manter. Felizmente para o futebol isso é possivel, o que me intriste-se é o facto que tudo se resolve desta maneira que eu gosto de chamar "reunioes de cafe" e que nada se resolve.

To Fernandes, 29 Agosto
Caro Contestataria

Com todo respeito ao futebol e á sua excelencia,
acho que é um desrepeito enorme da forma como compara o futebol e a nossa natureza que por ventura nao consegue criar verbas para se suster,mas tambem do qual é possivel!!
Quanto á sua ultima resposta a unica coisa que tenho para dizer, olhe á sua volta e talvez haja familiares seus a visitar o rio mais vezes que voce pensa, nao sei se esta a pareceber!!!

tania,  25 de setembro de 2009 às 16:59  

concordo plenamente!!! é uma riqueza muito grande, um lugar deslumbrante!!!
n é justo deixar ao abandono...
espero que os responsaveis da vila pensem em o melhorar.

cumprimentos
tania rodrigues

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