sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pensamentos

O Mau Também Pode Ser um Bom Amigo

É possível que os maus sejam entre si prazenteiros, não enquanto maus ou nem bons nem maus, mas enquanto, por exemplo, ambos são músicos, ou um é melómano e o outro cantor; e enquanto todos têm algo de bom e nisto se harmonizam entre si poderão, ademais, ser reciprocamente úteis e prestáveis, não em sentido absoluto, mas em vista da sua escolha, ou enquanto não são nem bons nem maus. É igualmente possível a um homem de bem ter um amigo medíocre; cada qual pode, de facto, ser útil ao outro em vista da escolha, o medíocre pode apoiar utilmente o projecto do bom, e este último pode secundar com utilidade o projecto do incontinente e do mau em conformidade com a sua natureza; e desejará para o outro as coisas boas: em sentido absoluto as coisas absolutamente boas e, de modo condicional, os bens que são tais para aquele, enquanto o ajudam na pobreza ou nas enfermidades, e estes em vista dos bens absolutos: como, por exemplo, tomar um remédio; não o quer, de facto, por si mesmo, mas em vista deste fim determinado. Além disso, [o bom pode ser amigo do medíocre] naqueles modos em que também os não bons seriam entre si amigos. Pode um, de facto, ser aprazível não enquanto mau, mas enquanto partilha uma das propriedades comuns, por exemplo, se é músico. Também enquanto em todos há algo de bom; por isso, alguns associam-se, inclusivé, ao homem bom. Ou enquanto se acomodam a cada qual: todos têm, de facto, algo de bom.

Aristóteles, in 'Ética a Eudemo'

45 comentários:

Titá 1 de maio de 2010 às 00:49  

Meu Amigo Carlos,

Gostei deste teu post. Sinto que de alguma forma procuraste nas palavras de Aristóteles resposta para situações que vives. Talvez até nem seja o caso, mas achei o tema pertinente e oportuno.

Para mim não há pessoas más, assim como há muito que sei que, não há pessoas perfeitas.

A vida tem condicionalismos, momentos atípicos, situações que podem levar o melhor dos homens a cometer o pior dos erros, assim como aquele, normalmente considerado menos bom, ter num momento, uma atitude tão louvável que se torna comovente.

Assim somos nós, o ser humano. Com o melhor e com o pior dentro de si em constante conflito ou pacificidade.

O que distingue uns dos outros é a ética. A moral, o conjunto de normas, princípios, costumes ou valores que vamos aprendendo ao longo da vida e estabelecendo como parâmetros de comportamento, limites de dualidade existencial. É a ética nos actos do dia a dia e da nossa convivência em sociedade, em grupos e em equipas, que distingue o carácter de cada um.

Mas, na verdade a tolerância tem de imperar. Nenhum Homem é uma ilha e o pior de nós tem qualidades que podem em muito servir o melhor dos homens. Assim, dizem que deve ser.

Tolerância, compreensão e perdão são as maiores armas da ética e as regras ditas “normais” para uns, nem sempre são as de outros.

Para mim, estabeleci um conjunto de normas e limites que avalio diariamente e o melhor é conseguir chegar ao fim de cada dia e poder dizer que dei o melhor de mim, a mim mesma, aos mais próximos, a outros e deitar-me com a consciência tranquila.
Quando se tem que pedir desculpa. Pede-se. Quando temos a razão. Ficamos com ela.

Mas uma coisa posso garantir, nada, nada neste mundo materialista vale o suficiente para deixarmos de fazer aquilo que o nosso coração realmente nos diz, ou agirmos contrariamente aquilo que realmente somos… e o nosso coração é sem dúvida o melhor orientador , por isso é dificil sermos amigos de alguém que…não tem a mesma ética.

A ética começa por sermos leais a nós próprios.

Um beijo para ti, meu bom Amigo

Carlos Alberto da Costa Liberto 1 de maio de 2010 às 13:44  

Somos educados, ainda hoje, para nos destacarmos na individualidade.Está provado que a falta de inteligência emocional limita o ser humano no seu relacionamento social e profissional. A salvação do homem reside no seu envolvimento com o meio que o cerca.
Ao agredirmos nosso semelhante ou a natureza estamos ferindo a nós mesmos
Meus parabéns ao Carlos e Titá tenho-os como amigos,com quem me identifico.
Cumprimentos a todos

Isabel Tavares,  1 de maio de 2010 às 14:37  

Não há homens totalmente maus assim como também não há homens totalmente bons. Deveremos ficar pelo meio termo. E o meio termo, para mim, já é algo de muito aproveitável.
De facto, os principios fundamentais da filisofia apoiam-se na experiência de ensinamentos filosóficos.

A antiga Grécia, deixou-nos um belo ramalhete de filósofos entre os muitos também estava Aristotoles que analisa o sentimento fraternidade e amizade, ele também diz que o homem bom pode ter um amigo menos bom ou mesmo medíocre.

Estas filosofias, aliás interessantíssimas, são, todavia, mais do conhecimento do povo do que aquilo que se possa pensar. pensando com certa lógica, poderemos verificar que dentro do nosso círculo de amizades náo existem apenas homens com características pré-definidas por nós. Não, antes pelo contrário, a amizade nasce expontaneamente qualquer que seja o extracto social e moral de cada indivíduo.

Hoje a amizade ou o conceito que dela fazemos é muito mais selectiva. Somos mais calculistas e não damos a nossa amizade a quem a quer mas a quem a queremos dar.
Assim, é bem verdadeiro que o cérebro é o orgão do pensamento, mas apenas o órgão. A decisão de fazer a partilha da amizade deve recuar à medida que se desenvolvem as contradições objectivas.
Os únicos problemas solúveis são aqueles que se evidenciam das reais necessidades duma sociedade.

Neste contexto, a minha percepção da amizade é bastante profunda e encontra-se muito arreigada no meu eu. Daí que considere que a amizade, quando verdadeira, também pode fazer doer. É nesta base de dar e receber que devemos saber dosear os nossos sentimentos, tendo sempre o cuidado de evitar a dor e a mágoa.

Regina Santiago,  1 de maio de 2010 às 21:56  

Obrigada Carlos Aurindo pelo regresso desta temática - Pensamentos -já cá fazia falta!
Grata, ainda, pelo texto apresentado e pelo tema aí exposto.Trata a questão da ética, dos valores que, enquanto tal, se caracterizam pela sua universalidade e imutabilidade: o bom e o mau/o bem e o mal que lhes estão associados! No entanto, todos nós nos apercebemos que tal não acontece! O que outrora era ser bom, era-o inquestionavelmente! Ou se era bom ou se era mau! Hoje em dia, tudo se relativiza: o ser bom não passa, necessáriamente por sê-lo para os outros...vivendo voltados para nós próprios, essa é a prioridade! Para se ser bom, deve-se agir em conformidade e mostrá-lo através das palavras e dos actos que praticamos! Ser bom não se queda pela utopia, mas muito mais pela consonância entre as palavras e as acções!Que importa auto-caracterizarmo-nos como uma pessoa boa se a nossa conduta não corresponde ao que dizemos de nós? Quem melhor que os outros para nos julgarem? No entanto, independentemente de crenças ou religiões, acredito que o bem ou o mal, o ser-se bom ou ser-se mau, terá a paga nesta vida!
Ainda quero acreditar que existem seres conscientes e que velam pelo bem e se identificam como boas pessoas...quanto às más, defendem-se como podem, agem sem escrúpulos e acham-se coitadinhas quando confrontadas com a realidade. No entanto, é nesta diversidade que co-existimos! Não em separação, mas no mesmo universo. Cabe-nos a cada um de nós saber seleccionar as pessoas de quem nos queremos aproximar: se dos bons ou se dos maus, não considerando o critério da exclusão, mas o do respeito; não interessando, nada melhor do que o afastamento...Afinal,a vida é feita de reciprocidades e será intolerável receber, em troca do bem, enquanto prova do bom, o mau visível no desdém, no menosprezo, na ironia, na farsa, na hipocrisia...se os universos não se tocam, nada melhor do que a protecção do nosso ser perante as adversidades dos que de nós se diferenciam!

Unknown 1 de maio de 2010 às 22:36  

Caríssimos,

A Concepção de amizade mudou com o suceder dos anos. Antes o que entendíamos por amizade eram um enorme contíguo de carências e dádivas, regradas e orientadas por princípios e preceitos que já não são hoje os mesmos critérios nem de escolha, nem de entregas, nem de continuidade. O termo amizade, é agora muitas vezes confundido com um outro conceito qualquer, presumivelmente mais corrente, previsto por certo no novo acordo ortográfico e que eu desconheço a terminologia. No meu parecer já não entendo como ser-se Amigo.

Já não vivo na quadra para fazer amigos. Felizmente. Pois para mim seria agora quase irrealizável. Essa fase de afectos há muito expirou. Não terei por isso que, nem quero, adaptar-me a esse outro universo de relações que não assimilo. Presentemente já me dou como grato pelos que me concedem um pouco de atenção e permutam comigo meã dúzia de opiniões, hábitos, afinidades e de companhia de ensejos.
Restam-me dois amigos, dois grandes e bons Amigos e desses sim recebo o conceito de amizade na sua plenitude, universalidade ( ou pelo menos como eu entendo o conceito) e ainda hoje entrego por completo nessa relação, esforçando-me todos os dias por manter essa afinidade de lealdade, cumplicidade, companheirismo e tantos outros adjectivos que poderia descrever, pois todos eles compõem esse metafísico conceito de se ser Amigo. Todos os dias dou Graças a Deus pela existência desses dois entes na minha longa vida e todos os dias rogo para que continue a ser digno desses afectos e esforço-me para estar à altura, ao nível de Homens tão bons.

Pegando agora no seu teor e nas palavras do Filósofo da Antiguidade Aristóteles, deixe-me dizer meu Caro Carlos que a amizade entre seres tão distintos (bom e mau), que não se rege pelos mesmos princípios, regras, valores ou, como o título deste ensaio o diz, pela ética, é a meu ver, quase inexequível. Se acontecer porém, um de ambos cederá na sua forma de indivíduo e o empirismo ensinou-me que é o mal que ganha terreno. Este é o meu credo e talvez por isso rodeei-me sempre das melhores pessoas e traguei nelas os mais altos valores: respeito, dignidade, lealdade, educação, premissa, compreensão, solidariedade, honestidade, integridade, honra e distinção.

“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles.” (Adam Parfrey), mas o inverso também acontece meu Caro. Cabe-nos a nós fazer a opção e como Homem experiente tenho, devo afirmar que, a razão tem que nos obrigar a tomar decisões pelo caminho melhor.

Neste espaço, aqui mesmo no Indigente, durante as minhas longas expedições nocturnas pelos Vossos textos, encontrei exemplos de grande Amizade. Fortes, edificadas, leais. Se a escolha do seu texto de hoje se deve a uma qualquer dúvida no seu peito, permita-me dar-lhe um exemplo de entre muitos que encontrei pelos Indigentes de uma dessas relações: O Carlos, o Tiago e a Titã foram um exemplo digno do conceito que tenho de amizade. Sofreram por isso os respectivos acometimentos e intenções de conjectura, mas foram sempre, apesar de discretos, de uma união comovente. Esses momentos foram emocionantes e enchem-nos de fé. Por isso me queixei há pouco tempo, por ver desaparecer aqui os vossos diálogos, as trocas de afeições e por permitirem em vez disso, espaço para a indelicadeza, a simulação. Que desperdício meus Caros . Entenderão Vós que preferimos ler a ofensa gratuita ou o discurso aleatório? Onde estão as palavras de respeito da Rute ou do Carlos Rodrigues? A mediação ou o incentivo? O comedimento do Carlos Neves ou o estimulo do António?
Não se intimidem. Mostrem-nos o conceito de amizade no seu esplendor. Quem sabe não conseguirão assim melhorar e ensinar valores e ética a um homem medíocre.
Sempre atenciosamente,
O Amigo ( se assim mo permitir)
Delfim Marques

Unknown 1 de maio de 2010 às 22:41  

Não poderia sair desta página, ainda mais depois de aqui ter exaltado e solicitado o manifesto de afectos e de Amizade, sem mais uma vez dirigir o meu apreço e respeito pelas palavras de Regina Santiago.
É sempre um prazer.

Respeitosamente,
Delfim Marques

Carlos Alberto da Costa Liberto 2 de maio de 2010 às 13:39  

Natural de Santar, vivi parte da infância em contato com a pobreza. Pela falta de meios econômicos as famílias praticavam a agricultura de subsistência, o campo bem cuidado era um belo jardim. Crianças ajudavam os pais no campo, bem cedo pegavam na enxada. O chicharro vendido pelo Senhor Desanda custava 50 centavos do escudo a unidade, o café, açúcar e aguardente também era vendido nas tabernas em porções mínimas de poucas gramas e mililitros. A roupa de trabalho com remendos deixava visualizar a pureza interior de gente de pouco estudo, simplória, rude, mas amorosa, de caráter forte, honrada, trabalhadora e muito responsável pelos idosos da família. Muito me honram nossas origens.
Hoje, felicito todas as mães da vila e do mundo e em especial, com muito amor, carinho e gratidão pelo que sou, à minha mãe a quem muito amo

basofia@gmail.com

Anónimo,  2 de maio de 2010 às 13:56  

O Sr. basÓfia também já comeu das passas do Algarve!
É a vida como diria o outro, não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe, Amigo basófia receba um abraço de um outro basófia.

de Sales Loureiro,  2 de maio de 2010 às 14:03  

Amigos conterraneos, ninguem é perfeito e só um pode julgar.

Sabem quem é este grande filósofo que filosofou assim:??

NAO JULGUES, PARA NAO SERES JULGADO/////A frase diz tudo.

Cumprimentos

Anónimo,  2 de maio de 2010 às 17:17  

gostos destas coisas que os chamados inteligentes escrevem, mas ãs vezes dá-me cá uma soneira ler coisas tão grandes e por gents que pensams´que só eles é que sabem da ingricola, á prá ai as marias os manéis a diserem baboseiras e qua té nem sabem o que dizem uns t~em umas lengas lengas que nem t~e fim e até se dão ao luxo de de gabarem as pessoas que querem promover como se aquilo de vomitam fosse letre certa e cá os marmanjos acreditam vão se matar falem só de voc~es e daquilo que interessa, vêm práqui estes velhos e velhas que querem dar lições, vão mas é dormir e deixeim-se de merdas

Isabel Tavares,  2 de maio de 2010 às 19:02  

Sales Loureiro, suponho que Jorge?

Conheço o filósofo do qual o sr. fala, e sempre lhe digo, todos os dias falo com Ele. Como Ele nem sempre me responde tenho que descobrir o porquê do Seu silêncio, às vezes penso que algo eu fiz que Lhe desagradou, mas vasculho na minha já fraca memória e não descortino o meu pecado, então volto a perguntar-lhe sempre na esperança de receber uma resposta. Porém, devo ser demasiado pecadora! De outro modo e se assim não fosse, o olhar D'Ele seria feliz e não triste, tão triste que eu só posso chorar por ver a Sua tristeza. O nome D'Ele? Deus!?

Anónimo,  3 de maio de 2010 às 11:09  

Acertou Isabel,parabens!

Nao se arrependa de falar com ele sempre, um dia verá que valeu a pena.

Beijinhos

Anónimo,  3 de maio de 2010 às 11:14  

para o anónimo 2 de Maio das 17.17

Respeite se quer ser respeitádo

Carlos Alberto da Costa Liberto 5 de maio de 2010 às 01:42  

Eu próprio não me conheço, porque avaliar, ou melhor, discriminar os outros iguais? Pergunta que me faço, quando confrontado em situação de ofendido. Compenso com o prazer, gozo, de ter recebido manifestação de compreensão e carinho de uma sportinguista, jovem da velha guarda e de um novo amigo bazófia. Penso para comigo estou em casa. Faz parte da cultura de um povo, trabalho, religião, culinária, lazer, esporte, musica, dança e o que aqui expressamos também, somos seara de trigo e joio. Acredito no ser humano como valor maior de um povo, se político assim pensasse o mundo seria melhor.
Finalizo agradecendo a atenção de todos com um bem haja da velha guarda.
Email para contato; obasofia@gmail.com

PS: Quem se lembra do maior evento social, de nível mundial, realizado em Santar na década de 60?
Se contado, muita gente vai dizer: são bazófias!

Pensamento do Marquês de Maricá

A sabedoria indigente é menos invejada que a ignorância opulenta.

Anónimo,  5 de maio de 2010 às 15:05  

Hei!!Sei eu!
Era a escravidao,trabalho árduo dos nossos antepassados, laborando sol a sol comendo apenas uma côdea de pao, para alguns riquitos de Santar engordarem, recorda-se amigo basófia deste cenário macabro??Nao podia ser outro!!

ò mae eles andam abusar de mim mae
Eles usam abusam e deitam fora
Ò mae!!!....

Carlos Rodrigues 5 de maio de 2010 às 21:31  

@ Bazófia

Meu caro

O seu ultimo comentário deixou-me curioso...

Embora já tenha nascido nos finais dos anos 60, não tenho referência de grandes acontecimentos sociais na Santar dessa época.
A minha referência de acontecimento social em Santar, terá sido , com alguma inexactidão, um aniversário de alguém, ou do casamento de alguém, que aconteceu na Casa de Santar.
Caso não seja esse, gostaria que me desse um lamiré.
Quem sabe não anda por aí uma boa estória.

Atentamente

Carlos Alberto da Costa Liberto 6 de maio de 2010 às 00:58  

Carlos Rodrigues você era muito jovem ou ainda bebê, e eu jovem imaturo para entender a dimensão do acontecimento. Aos sábados, como de costume, me reunia com a malta na frente da Farmácia para discutir futebol (e causos do momento). A discussão era mais amena que hoje, era temerário falar em política na época, imagine, Santar tinha dedo duro bazófia! A deduração ( acusação ) ficava muito mais grave, ele não se contentava em narrar os fatos, dimensionava- os e, coitado do acusado! Não havia cafés como hoje, existia o do senhor Pilinhas na Carvalha, e, só. Sabedores dos preparativos da festa, se discutia quem estaria cuidando do jardim, iluminação, banquete e, melhor, qual era o conjunto musical, que no momento já estava a ensaiar. Alguma coisa se sabia quando o senhor Cassiano, (mordomo da condessa) muito nervoso, no seu passo miúdo, apressado, saía pelo portal de entrada para atender as pessoas envolvidas na festa, respondia sucintamente ao muito que queríamos ouvir. Começava a entardecer, luzes a acender, e os convidados a chegar em bólides ultra modernos, Ferrari, Lamborghini, Rolls Royce, Bentley, Jaguar, Mercedes, BMW 3.0 CSI e outros igualmente belos enfeitados no seu interior de sublimes deusas de sangue azul, todas produzidas com seus longos vestidinhos de milhares de U$. Foi de cair o queixo! Eram centenas de seres de outro mundo, o colosso do abismal, o pobre povo de Santar recepcionando a burguesia mundial para comemorar as bodas de prata do senhor Conde de Santar.

Tem mais, fica para depois.
Saudações bazófias

Anónimo,  6 de maio de 2010 às 13:48  

Sim, mas esse acontecimento foi já nos anos 70 e nao nos 60, tambem lá tive e até ouve quem entrasse pela surra no jardim e roubasse um leitao!

Anónimo,  6 de maio de 2010 às 17:23  

Santar apenas teve dois Viscondes. Pedro Paulo de Melo e seu irmão António a quem o primeiro, por ser solteiro à data do seu passamento, legou o título.
O Marques de Santa Iria nunca foi Conde de Santar foi sim casado com a filha da senhora D.Maria Luísa Viscondessa de Santar.

Um dia direi mais

Anónimo,  7 de maio de 2010 às 00:33  

Já sei que sabe,diga,diga.

Carlos Alberto da Costa Liberto 7 de maio de 2010 às 07:58  

Amigo anônimo, você está certo, foi no inicio da década de 70, ano 71 por aí, gostei de saber do desvio do leitão, muitas outras revelações haverá para contar.
O hotel da Urgeiriça lotou, assim como os de Viseu.
Na manhã do dia seguinte, gente já sem pouse, cambaleante, dava outro tipo de espetáculo, este mais engraçado, mais humano!
Cabe também dizer, que a pessoa homenageada aceitava ser tratada por senhor Conde
Aliás, outro assunto muito importante a comentar, discriminação social.
Está faltando à velha guarda acrescentar mais comentários

Grato pela atenção, do amigo bazófia que não o estando, o é.
.

Isabel Tavares,  7 de maio de 2010 às 12:32  

Pois meu caro Basófia, a história da "Casa e Santar", tem muito que se lhe diga e já vem com a provecta idade de mais de uma centena de anos , mais ou menos 150.

A sua primeira designação foi "Casal do Bom" D. Sancho II, elevou-a a couto e doou-a a um dos seus homens que distinguiram na guerra, isto, se não estou em erro, corria o século XVI ou XVII.
Hoje conhecida como "Casa de Santar", as vissicitudes pelas quais tem passado, são iguais às de qualquer familia brasonada que tem tempos dourados e lentamente vem fecenecendo até dar o suspiro final.

Como deve saber, a "Casa de Santar", propriamente dita, teve o 1º, 2º. e 3º. Condes,
mas também era usual, mais vulgar que usual, denominarem-se os seus nobres titulares por Viscondes, porém este é um titulo nobiliárquico e o de Conde de Santar é outro.

Os nossos Historiadores não são todos da mesma opinião acerca do aparecimento de Santar na nossa linda terra. No entanto, eu fui sempre muito curiosa e como não tive meios financeiros para levar por diante o meu sonho, tentei sempre saber um pouquinho acerca das terras bonitas que proliferam pelo nosso belo Portugal, e o Senhor também sabe com certeza, muitas histórias, o Santarense é assim, às vezes mostra-se zangado a querer que pensem que é mau, mas muitas vezes com esta atitude só quer esconder a sua timidez.

Mas voltemos à casa de Santar.

Visconde de Taveiro, título criado pela Rainha de Maria II corria o ano de graça 1851.

1ª Condessa de Taveiro

Pertencia este título à Senhora D. Maria Rosa Figueiredo Cunha D'Eça Abreu Melo Lacerda, que casou c/o José Pedro Paulo Pais Amaral e Sousa Pereira Vasconcelos.
Deste Casamento naceram 6 filhos 4 raparigas e 2 rapaz . O Filho primogénito, ou seja José P.P.Melo F. Pais do Amaral,

1º Conde de Santar - 1853.
Como 3º Visconde de Taveiro vem seu irmão Pedro de Melo de Figueiredo Pais do Amaral

Finalmente, Maria Teresa Lancastre de Melo, 3ª condessa de Santar - 1928
Casou com José Luis Andrade de Vasconcelos e Sousa, 3º Marquês de Santa Iria, tiveram 3 filhos. Fátima de Melo de Vasconcelos e Sousa, José Luis de Melo de Vasconcelos e Sousa, 4º Marquês de Santa Iria, com dois casamentos, Catherine Austad e Teresa Eugénia de Bourbon Bobone e Pedro Paulo de Melo Vascocelos e Sousa também com dois casamentos,Alexandra Grafin von Schonborn-Wiesentheid e Catarina Maria de Azevedo Coutinho Oom.

Julgo que o título de Condessa de Santar acaba com a Senhora D. Maria Teresa ainda viva.

No que respeita às bodas de Prata, na altura muito badaladas, mas o brilho depressa se esfumou, e começou a decadência da nobreza não só de Santar mas de quase todo o Portugal.

Isto é um pequenino resumo daquilo que fui lendo através de recurso a livros existentes nas Bibliotecas Nacionais, e como tive a sorte de estar 2 anos na BNBissau onde fui bibliotecária, fiquei com pequenos fragmentos na memória daquilo que li.
Um abraço SANTARENSE

Anónimo,  7 de maio de 2010 às 12:55  

Bravo, bravo minha Isabelita,estou aprender umas coisas,parabens,sempre formosa e dedicada.

Anónimo,  7 de maio de 2010 às 18:22  

Outra revelaçao para o bazófias saber

Foi nessa dita festa que a Raínha meteu os cornos ao Rei,sabia??

Anónimo,  7 de maio de 2010 às 18:30  

Respeito. Afinal não fez nada do outro mundo! Hoje em dia já não é tabu e antes pelo contrário, é corriqueiro e é pena

Carlos Rodrigues 7 de maio de 2010 às 22:08  

Isto sim é um post com interesse.

Sabem que mais eu tenho acesso a fotos dessa festa e vou tentar aprofundar sobre o que lá se passou, isto é, a festa vista por dentro.

Vou tentar, depois logo se vê o resultado.

Carlos Aurindo 8 de maio de 2010 às 11:02  

amigo Bazófia

é certo que esta referida festa foi no inicio dos anos 70, mas não terá sido em Junho de 73?

do que me lembro, não foram só os VIP'S que tiveram direito a festa, o povo tambem teve direito a uns porcos, que vieram do Alentejo, uma pipa de vinho e pão. esta festa, dentro da outra, teve uma grande participação do povo de Santar e não só. por isso o povo não foi esquecido pelos promotores.

mais uma achega, esta referida festa até há bem pouco tempo era considerada a segunda maior festa particular realizada em Portugal.

cumprimentos:

Ordysi

Anónimo,  8 de maio de 2010 às 14:07  

Uns porcos!!Pois foi! houve um tipo do povo que até ficou engasgádo com um osso da costeleta do porco, sabem quem foi?Pois a fome na altura era negra.

Anónimo,  8 de maio de 2010 às 14:41  

@ anónimo das 14:07

Diga-me lá, o coitado que ficou engasgado chegou a recuperar ou ainda hoje tem mazelas?
Cá para mim aposto que deve estar reformado por invalidez.
E você do que anda há procura?
Olhe isso são delírios não são?

Carlos Alberto da Costa Liberto 8 de maio de 2010 às 21:06  

Sentado no sofá da sala com o laptop, a 10 mil KM de distância de Santar, sinto a sensação de estar em dois lugares ao mesmo tempo, e na verdade o estou em pensamento. É muito gostoso.
A importância de contribuirmos com mais informação para o relevante acontecimento, o torna mais interessante e histórico.
Sabia de outros detalhes, como o churrasco de porco para o povo da povoação, outros não. Sentimentos traídos, leitão subTraído e que o porco veio do Alentejo é novidade.
Como sempre, bela lição nos dá a professora Isabel Tavares com seu saber. Ao dizer que aparentamos ser maus para encobrir a timidez, me imaginei reconhecido.
As fotos que o Carlos Rodrigues se empenhou em conseguir serão a cereja no bolo de aniversário das Bodas de Prata.
Cumprimentos do amigo Santarense


.P S- Amigo Carlos Aurindo, não lembro, pesquisando por aí vamos saber a data correta, cumprimentos.

Titá 9 de maio de 2010 às 00:22  

Caro Bazófia,

As suas palavras comoveram-me. É também para criar esta ponte entre os Santarenses e os que estão longe, que acredito neste projecto. Ajuda a enganar a saudade e a sentir mais perto aquela terra que consideramos nossa.Ajuda-nos a sentir que estamos por lá.

Hoje valeu a pena vir aqui, só para ler esse seu comentário.

Quanto à promessa de um post sobre tão grandiosa festa, fico ansiosa. Sempre ouvi histórias de tal evento.

Cumprimentos

Anónimo,  9 de maio de 2010 às 02:11  

Pedi permissao ao amigo que ficou engasgádo, com o osso deporco se podia comentar neste espaço o seu azar na festa do rei e da raínha, prontamente afirmou que nao havia problemas.

Pois a pessoa engasgada,apenas apanhou umas pancadinhas nas costas da populaçao ali presente, foi o senhor:José antónio Sampaio filho do já falecido Tónio Macário, rapazote ainda naquela época.

Carlos Alberto da Costa Liberto 9 de maio de 2010 às 04:44  

Vocês, mulheres Santarenses, são a luz do farol que nos orienta e ilumina este espaço de confraternização.
Titá,tudo vale a pena se a alma não é pequena, algumas palavras descalibradas a nós dirigidas magoaom, outras reconfortam,como essas de Fernando Pessoa.
O senhor José A. Sampaio já está na história, será que vai dar o nome de quem o entregou?
Estou brincando!
Bom domingo para todos

Anónimo,  9 de maio de 2010 às 14:16  

Sao pequenos pormenores vividos no passado que hoje aqui recordados, nos fazem sentir alegres e felizes por ter-mos alma Samtarense.

Tambem comi pao com côdea!!..

Isabel Tavares,  9 de maio de 2010 às 16:03  

Carissimo conterrâneo Basófia, só agora me foi possível consultar as últimas do "nosso" querido blog, onde me foi dado ler os últimos comentários postados desde ontem dia 8.

Venho agradecer-lhe o seu cavalheirismo, a sua boa formação e também aquilo que nos tem vindo a ensinar nos últimos tempos.

Graças a Deus que este local não tem nada a ver com o de há um ano atrás. Está outro! Francamente melhor com quase todos os Santarenses a cooperarem no bom ambiente que este sítio sempre deveria ter tido. Hoje, com muita alegria, vejo que há aqui muitos frequentadores com muito melhor qualidade e uma postura de verdadeiro HOMEM. Por tudo isso vai o meu obrigado a todos.

No entanto, a minha intervenção não teve como principal objectivo este agradecimento, mas tão só, esclarecer o meu Amigo Bazófia, de que não sou professora nem sequer licenciada em coisa nenhuma, mas com vontade de o ter sido, não pela licenciatura em si, mas pela sabedoria que ela pudesse acrescentar ao meu pequeno saber.

Porém, considero que a minha aptência para o conhecimento sempre me ajudou muito na vida, uma vida que levei sempre muito a sério e que foi e é impoluta. Ofereci sempre aquilo que sabia na esperança de, também outros, usufruirem das coisas e histórias lindas do nosso Santar. Obrigado pelo seu julgamento, mas não tenho o direito de o aceitar porque o não mereço.

Um abraço amigo e Santarense

Anónimo,  9 de maio de 2010 às 16:10  

@ anónimo das 02:11

Caríssimo, venho por este mesmo meio pedir-lhe as minhas desculpas pois quando dizia que havia um tipo do povo que tinha ficado engasgado pensei que fosse mais uma das brincadeiras que por aqui se contam.
Uma coisa é certa que a dita pessoa se encontra reformada.
Não seria por causa disso mesmo?...

Titá 9 de maio de 2010 às 22:14  

Caro Basófias,

Tocou no nome de alguém que me é querido e que só a modéstia me impediu de trazer até aqui as inumeras homenagems realizadas em sua memória.

O Professor Doutor José António Sampaio levou o nome de Santar a um pedestral muito alto e que a todos nos orgulha e enternece. Só o exemplo da sua humildade nos permite ficar tão silenciosos.

Sabe, há uns tempos atrás fui aqui muito atacada e ofendida. Tive uma das maiores decepções da vida...ou uma surpresa se preferir e cheguei a dizer para mim mesma, "não vale a pena".

Por essa razão saí desta batalha de nervos e deixei de ser uma das Indigentes. Pensava eu que essa atitude acalmaria aqueles que me queriam mal e assim, não prejudicaria os meus colegas.

Continuei, tal como dito pelo grande Fernando Pessoa a achar que a minha alma não era pequena e que por isso, qualquer esforço meu, iria valer a pena.

Acho que vale, sim. Apesar de tudo, já muito de bom se conseguiu aqui.

No entanto, não creio ser o momento oportuno para trazer aqui nomes de pessoas que só merecem respeito, pois tudo acabaria por ser enxovalhado, deturpado pelos comentários que se têm visto.

Os meus cumprimentos e o bem haja pela memória

Carlos Alberto da Costa Liberto 10 de maio de 2010 às 01:35  

Cara Titá, peço desculpas se involuntariamente ofendi alguma pessoa. A minha intenção não foi essa, estou incomodado pelo mal estar causado, não relacionei o nome à pessoa, pois estou há muitos anos ausente do País. Como bem diz, devemos-lhe homenagem e reconhecimento, conte comigo. Novo no blog, logo identifiquei gente de muito valor, quero fazer parte desse time, pois tenho muito a aprender.
A minha noção de ética impediu-me de perceber a armadilha do anónimo, mas isso me serviu de lição. Estarei mais atento daqui para a frente.
Cumprimentos

Anónimo,  10 de maio de 2010 às 14:30  

O engagádo foi José António Sampaio Ramos ainda bem de saude penso eu!E nao o doutor acima referido já falecido:

Titá 10 de maio de 2010 às 23:34  

Caro Bazófia,

Peço desculpa. O lapso foi meu que não li o comentário anterior ao seu. De facto falamos de pessoas diferentes.
As minhas desculpas.

Obrigada pela correcção.

Anónimo,  11 de maio de 2010 às 01:13  

De Nada minha titá, sempre gostei e gosto de você.

Nhosa,  11 de maio de 2010 às 01:36  

Amigo,pense o que quiser!
As pistas estão dadas...

Adorei velo na igreja,estavas no banco da frente a fazer o beicinho...

Carlos Alberto da Costa Liberto 11 de maio de 2010 às 02:46  

Amiga Isabel Tavares, muito me honra seu conceito sobre a minha pessoa, porém não me reconheço possuidor de tanto saber, entendo suas palavras elogiosas, fico grato e envaidecido, as guardarei como reserva para quando no futuro precisar a elas recorrer em momentos de baixa estima.
É comum no meio aonde resido nos referirmos a pessoas com competência e saber, como professor, o povo aqui é menos cerimonioso, porém educado. É inteligente quem, independente de muito estudo, soma mais saber ao saber acumulado no cotidiano. Ao nos relacionarmos com educação e respeito trocando informação, até discordante, criamos vínculos de simpatia e carinho que nos elevam como seres humanos.
Aceite, pois vocês mulheres Santarenses são dignas dos maiores elogios e são a cara hospitaleira da Vila.
Cumprimentos do amigo

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Isabel Tavares,  11 de maio de 2010 às 08:55  

Obrigado Amigo Bazófia em nome de todas as mulheres Santarenses, o Senhor é um verdadeiro Cavalheiro.
Cumprimentos Santarenses

Carlos Alberto da Costa Liberto 11 de maio de 2010 às 11:28  

Amiga Titá,

Pedras no meu caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...Fernando Pessoa
Cumprimentos Santarenses

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