quarta-feira, 11 de março de 2009

Casa do Soito e Paço dos Cunhas Breve História

Em Santar, a Casa do Soito e o Paço dos Cunhas encerram episódios da história portuguesa e da história local. De utilização residencial e agrícola, o Paço dos Cunhas data do século XVI. Foi doado pelo rei a D. Luís da Cunha, senhor de Sabugosa, Óvoa e Barreiro, proprietário do Casal Bom, em Santar, correspondente ao paço actual. A sua edificação remonta a 1609, aproveitando algumas estruturas do século XV de um paço medieval dos antigos donatários de Senhorim, Óvoa e Barreiro, por D. Pedro da Cunha, casado com D. Elvira Coutinho de Vilhena, senhor da Casa de Santar e donatário dos concelhos do Barreiro, Senhorim e Óvoa, fidalgo da casa de D. Filipe Herdou de D. Pedro da Cunha, falecido em 1620, o segundo filho, D. Lopo da Cunha. Partidário dos Filipes, fugiu para Espanha em 1641 e participou numa conspiração contra D. João IV, o que determinou a confiscação dos seus bens, o desterro em Espanha e, consequentemente o abandono e inicio de ruína do Paço dos Cunhas. Em 1722, o Marques de Bedmar, genro de D. Pedro da Cunha, reclamou os bens para a sua filha e herdeira D. Maria. No inicio do século XX, o Paço dos Cunhas foi comprado por José Caetano dos Reis, pai de Francisco Coelho do Amaral Reis, Visconde de Pedralva, e de Manuel Casimiro Coelho do Amaral Reis, proprietário da casa do Soito, integrando-o na propriedade e reconstruindo parcialmente as antigas cavalariças e a adega. Quanto a Casa do Soito, de arquitectura civil maneirista e barroca pertence, como acima se viu, a família Coelho do Amaral, sendo a sua construção do século XVIII. É baseada no modelo do Paço dos Cunhas, com fachada principal totalmente preenchida de vãos emoldurados com elementos curvilíneos dinâmicos, e cornija que se arqueia acentuadamente ao centro. Jardim com rampas, escadarias, balaustradas, canteiros de buxo, estátua e bancos forrados de azulejos barrocos de figuras avulsas e figurativos. Aqui nasceu, em 1808, Francisco Coelho do Amaral, juiz ordinário e administrador do concelho de Nelas, presidente da Câmara, provedor da Misericórdia de Santar e jornalista. Tomou parte activa ao lado dos liberais na guerra civil de 1828 a 1834, na revolta de 1846 e na campanha da serra da Estrela. Foi eleito deputado em diversas legislaturas e vice-presidente da Câmara de Deputados.

Hoje o Paço dos Cunhas é uma das mais paradigmáticas estruturas do nosso concelho, renascido das cinzas , qual Fénix, retoma novamente o seu lugar de destaque, quer na paisagem arquitétonica da vila, quer na dimensão histórica que ocupa no concelho, enfrentando o ano em que completa 400 anos de historia com uma dinamica bem reinventada, que aponta para os próximos séculos sem medo e com a confiança de quem sabe ter valor. Não sabendo a data correcta da sua fundação e aproveitando o momento O Indigente endereça desde já ao velho Paço os nosso parabéns.


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