sexta-feira, 20 de março de 2009

Serração da Velha 2009 - A Tradição ainda é o que era...

Ocorreu no dia 18 do corrente mês mais uma edição de uma das mais antigas tradições Santarenses. A serração da velha.
Os acólitos, diga-se, mascarados a preceito de branco, com a tradicional "padiola", a enxada, sinetas, o reco-reco e as maquinas de sulfatar "deliciaram" as viúvas Santarenses com os seus polémicos e audazes versos ditos por o orador ao centro do cortejo.
O Indigente, tem o prazer de vos adoçar um pouco com aquilo que se passou, e para aqueles que não sabem o que a serração da velha o é.
Esperando que a tradição se repita por muitos mais anos e com a afluência de pessoas que a edição deste ano teve. Como Santarense, acima de tudo, um muito obrigado aqueles que nos vieram proporcionar senão umas das mais concorridas Serrações da Velhas de sempre.


2 comentários:

Anónimo,  24 de março de 2009 às 23:15  

Amigos...
Ganda pinta a vossa tradição...
Para o ano estou ai com voçes sem falta...
Força e mantenham viva esta tradição...
Sem vontade e sacrificio nada acontece...
Um grande abraço deste vosso amigo...

Zé PAulo

Conceição Tavares,  15 de maio de 2009 às 22:55  

Por falar em tradições!...

Ainda não vi nada neste blogue que nos fale das tradições desta amada Terra e que lentamente com o passar dos anos, passadas gerações uma após outra, foram desaparecendo perdendo-se grande parte do coloridode que esta Vila tanto se orgulhava em possuir.
Hoje, ironia das ironias, apenas resta a simpática praxe da "serração da velha" que, muitas vezes, pela interpidez e irreverência dos nossos meninos/rapazes, causam o gaúdio das gentes bem dispostas de Santar.
Além desta tradição, muitas outras existiram mas que se foram diluindo no tempo, a saber:

Carnaval, festa que como todos sabem, pagã, mas que dava oportunidade a tdos, fosse qual fosse a idade e/ou mesmo extracto social, para se divertirem. Senão vejamos:
As pessoas mascaravam-se sob a mais diversas formas, pagodeando tudo e todos.
Lembro-me de alguns nomes, p.ex. o António Camões(pai que foi de André, Belizário; Lurdes, Vera Lúcia); o Manel Carriço (pai do actual António Carriço) o própria António Carriço, O Egas Gouveia Lunet, o Américo (tio do Ritinho); a Virgínia Sardinheira, mulher brava e de grande poder de liderança, mulher com vida dificil mas que nunca deixou que as dificuldades da vida, lhe roubassem a alegria de viver, brincava ao carnaval com pilhéria temperada de refinado gosto, estes que citei e tantos outros que agora me é diificil enumerar, faziam as delícias de velhos e novos.
Não devemos esquecer os rapazes e as raparigas que organizavam ranchos com danças e canções que era um verdadeiro regalo ver e ouvir.
cito aqui algumas estrofes, as que me lembro, porque havia muito mais:

"O nosso rancho não tem valor,
Mas é bonito como os amores,
Sempre a cantar até escurecer,
O nosso rancho há-de vencer.

Santar Santar seduz,
Até os campos têm outra luz,
O Sol se esconde, brilha o luar,
A noite à vela só p'ra te amar.

Marchar, marchar, vamos seguindo,
Muito juntinhos, de par em par,
P'ra te sorrir e embelezar,
Vamos marchando a sorrir e a cantar
(...)"

Lembro também o jogo do cântaro em que as raparigas e rapazes, em fila indiana, de costas voltadas uns para os outros, íam passando o cântaro para trás. Este jogo torna-se hilariante quando por inépcia de alguns dos rapazes ou raparigas deixavam cair o cântaro e ele se partia, porque era barro, ou então algum maroto da assistência, com uma pedrada certeira quebrava o objecto da brinadeira.
Lembro ainda as festas domingueiras em que no Terreiro da Carvalha se ornazavam bailes e danças de roda, tudo ao som mágico da concertina e gaita de beiços do nosso Joaquim "cego" que ainda se encotra entre nós.
Com estas recordações, vão perante a minha memória desfilando tantas outras tanto ou mais interessantes que as anteriores.
Havia, as "Comadres" que julgo ainda se manterem, mas a par desta tradição havia também os "Compadres". Era ver aqueles que mais êxito conseguia obter com as brejeirices escritas tanto de um como do outro lado.Maravilhoso sentido de humor, que tantas saudades me deixa!...

Havia as fogueiras pelos Santos Populares. Havia o rapto dos vazos de flores que â época exixtiam em quase todas as janelas, varandas e escadas. Estes vasos eram tirados dos seus lugares, pela calada do noite, e todos a quem eram tirados os vazos encaravam com alegria o facto de no dia seguinte terem de os ir buscar ao cruzeiro do Terreiro da Carvalho onde eles tinham sido depostos. Mas o que causava o gáudio dos populares, era a atitude mais que furibunda de uma senhora de feitio irascível, que tinha a alcunha de "Esporita". Pobre senhora levava a noite a guardar os vasos que tinha nas varandas ainda altas(actual casa que é dos herdeiros do Leopoldo), na frente da casa e também nas trazeiras, ela era uma só, os vasos estavam uns a oeste outros a norte, a senhora em questão era já idosa e obesa, os ratoneiros eram jovens e cheios de força e brejeirice, quando a velha ía para a varanda da frente, eles fisgavam os vasos traseiros e vice versa, era digno de se ver e ouvir os gritos lancinantes e impropérios que aquela alminha clamava. Só quem viveu esses episódios e teve a sorte de assistir a todas estas atitudes destes grandes tratantes, muitos já cá não estão, mas muitos ainda gozam de boa saúde e podem relatar estas peripécias.

Muitas outras festas e romarias se sucediam durante o ano. Ele era o pinheiro dos santos, tão alto e enfeitado de lenha, ombreando com o nosso ex-libris que é a muralha do Paço dos Cunhas, o fogo de artifício oferecido pela Familia Da D. Judite, no Natal eram as fogueiras alimentadas com grandes toros de árvores.
Se bem me lembro, havia ainda os ramos que as grandes casas de Santar mandavam elaborar no último dia de vindima. Era um desafio que as hostes se faziam uns aos outros, para ver qual o mais bonito e maior, e digo-vos que havia verdadeiras obras prima, era sempre chamado a produzir tais obras de arte, o Ventura Castela, um verdadeiro artista!...

Enfim, estaria aqui durante horas ás voltas com as remniscências do passado, e creiam-me, aqueles que tiverem a paciência de me ler, recuei sessenta anos, fiz uma viagem ao passado, alheei-me do presente,e julguei-me novamente menina.
Vós ao lerem este arrazoda, esta amálgama de ideias, não podem imaginar o gozo que me deu, fazer este longo comentário às "Tradições"

Obrigado

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