sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Digo Eu ou diz Sócrates

Ainda bem que as horas que tenho não me têm permitido visitar este espaço! É com vergonha que exponho este endereço ao mundo e com constrangimento que digo que pertenço ao mesmo povo que todos vós, que vomitam aqui diariamente palavras mal articuladas, indicadoras da pouca educação e da verdadeira ignorância que mora em muitas portas deste Santar!
Não me estendo, até porque já o fiz demasiadas vezes mas continuo a notar variadíssimas formas de discordar do que quer que seja, e com ponderação, educação e bom senso consegue-se chegar a uma boa discussão! A liberdade ergueu-se por isso mesmo, para que cada um de nós possa expor pensamentos, possa verbalizar e comunicar a sua posição! Aqui, dá-se não uma troca de ideias mas talvez uma corrida virtual em que no fim se escolherá o indivíduo mais boçal.
E o que disse o Sócrates?! Isto:
“As pessoas precisam de três coisas: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara.”
Eu concluo que se calhar deviam largar um bocadinho o teclado e trabalhar mais …. pela vergonha, pelo silêncio e depois por outra qualquer realidade que vos falte!

9 comentários:

Titá 31 de outubro de 2009 às 00:59  

Cara Indigente,

Como sempre muito correcta e certeira nas tuas palavras.
E é aproveitando as tuas palavras e as palavras sábias de Sócrates, que venho solicitar um direito de resposta.

Algures, no rasto dos inúmeros comentários que correm velozmente por aqui li uma imprecisão sobre a minha pessoa que torna-se imperativo corrigir. Até porque a omissão dessa correcção pela minha parte, seria no mínimo incivil.

Assim, ao abrigo de um direito de resposta, volto dolorosamente com a palavra atrás e comento de novo neste blog, mas somente para fazer um esclarecimento: Eu não sou advogada! Nunca o disse, nunca o escrevi.

Licenciei-me em Direito em regime pós laboral e com sacrifício. Cedo percebi que não tinha arcabouço para a “barra do Tribunal” e nem era afinal o que queria. Entretanto, com o nascimento da minha filha optei por não fazer o exame de admissão à Ordem e esta é a razão porque não sou advogada, mas só licenciada em direito.

A minha experiência profissional e as provas dadas como jurista ao longo de mais de 14 anos levam-me no entanto, e imodestamente, a ter algum orgulho naquilo que consegui e alcancei, por essa razão torna-se imperioso que faça esta correcção, até por respeito aos Advogados e aos Juristas tantas vezes colocados num segundo plano.

Não me preocupa o que dizem de mim, preocupa-me sim a minha consciência e era imperativo a reposição deste facto.

Tentando seguir as sábias palavras que partilhas “As pessoas precisam de três coisas: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara.”
Resta-me despedir com esperança que volte a este espaço alguma urbanidade e sobretudo o cuidado e o respeito pelo nome dos outros.

Rute Loureiro,  31 de outubro de 2009 às 13:56  

O problema é mesmo esse minha Cara ... o problema é o afastamento de pessoas como a Titá e o perpetuar de boçais que por aqui se passeiam! Falta-me paciência para falar com bons modos a esta gente!

Unknown 1 de novembro de 2009 às 22:19  

Cara bloguista Rute,
hoje, domingo e feriado, em casa a trabalhar, vagueei pela sua página na esperança de encontrar por aqui a evocação de outras memórias, os serões passados em família, quando era miúdo, a paz da província, a beatitude que ai então se respirava… Segundo o saudoso João Paulo II, na Liturgia de hoje dia 1 de Novembro,“a Igreja tem a “alegria de celebrar, numa única festa, os méritos e a glória de todos os Santos” e assim se vivia por aí …Um mundo que desapareceu pelo que contemplo.
Foi neste seu desabafo que encontrei ainda alguma réstia do que então me lembro. Um espacinho de alguma seriedade que aproveitarei para me explanar um pouco e enganar esta falta de alguma coisa que afinal já desapareceu.Se me permite, o seu desabafo perfeitamente legítimo e tão bem enquadrado na filosofia da antiguidade e no entanto tão actual não me deixou indiferente. Tem vergonha. Também eu estou envergonhado por este meu povo. Perdoe-me mas também eu serei mais uma face oculta por essa mesma razão.
Estou enlevado por perceber como uma terra que já foi tão linda, de gente outrora tão boa, que produz um autêntico néctar dos deuses digno de se levar á mesa do Rei é agora povoada por gente tão feia. Esse povo é digno e necessitado de um estudo psicossocial profundo. Algo se passa. Será a proximidade às minas? É por certo um excelente objecto de análise não tenho duvidas.
Não se envergonhe da sua impaciência.”De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos homens, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”,de Rui Barbosa. Não permita que isso lhe aconteça. Se está impaciente é porque ainda não desanimou ou desistiu.
Li também o comentário deixado pela sua visitante e recordei-me de um episódio caricato que assisti há uns anos numa viagem de negócios. Quando um Senhor de Coimbra se apresentou como jurista a um negociante ilustre, mas tonto do Porto. Este perguntou-lhe se ele trabalhava com juros… Já a rir o coimbrão respondeu que trabalhava com Leis. O outro retorquiu animado e disse Ah então é advogado. Não não sou. Então mas se trabalha com leis…Mas estudou direito? Sim estudei e o meu trabalho são as Leis. Então é advogado homem. Não não sou, eu sou só jurista! Bem, então ou é Advogado ou você não faz é nada!
Parece uma anedota mas não é,. mas contribui para desanuviar o vosso pessimismo assim o espero. Não levem a mal o episódio que conto. Este serve para mostrar que o exercício do direito de resposta da sua visitante foi de rectidão e sou solidário com a sua postura mas é uma batalha dispersa, pelo menos para a maioria dos leigos. É tão difícil de explicar como o é de entender. Sobretudo para um povo que pelo que se vê opta sempre pela derrota alheia e usa a escuridão da ignorância ou da arrogância como escusa para a maldade.
Cara Bloguista Rute deixo umas palavras de esperança: “A mais fiel de todas as companheiras da alma é a esperança. (Pe. António Vieira)” Que então não se sinta só neste exteriorização e que a paciência para a limitação deste povo não a abandone.
Esperança! São pessoas como Vós, uns que se afastam como prova de indignação, outros que escrevem manifestos indignados como este que me deu a ler, ainda outros que teimam em manter uma liberdade (aqui libertina) que poderão fazer a diferença. Mas a diferença só vingará se for imposta com respeito e bondade. Com tolerância e compaixão.
A mim, já me fez um pouco de companhia hoje…e deu esperança.
Bem haja. Boa noite
Delfim com a face oculta

Rute Loureiro 2 de novembro de 2009 às 20:00  

Ao Delfim…
Meu Caro …ainda não tinha teorizado sobre a proximidade às minas mas parece-me uma boa concepção. Vejo pelas suas palavras a justificação para permanecer na face oculta, dado que certamente este meio, tão contaminado de há uns tempos, não lhe servirá de vaidade.
Entendo as suas palavras e citações como uma mensagem que circula no meio de anedotas e dias Santos!... Venho portanto, despreocupá-lo… dada a minha vergonha ser das educadas e salubres qualidades que tenho! Expresso aqui somente o meu descontentamento, e sem esperança que ele sirva de “remedeio”, não só porque acho a farmacologia das palavras pouco eficiente e também porque sei a minha voz pouco avolumada para chegar aos ouvidos dos outros! Invoco, à sua semelhança, o Grande Padre António Vieira e digo-lhe que também aqui “os peixes se comem uns aos outros”!
Por fim, revelo-lhe o meu agrado na sua visita cito-lhe :”(...) para que procedamos com alguma clareza, dividirei, peixes, o vosso sermão em dois pontos: no primeiro louvar-vos-ei as vossas virtudes, no segundo repreender-vos-ei os vossos vícios." … para que já decorrida a primeira parte se junte a nós para repreender construindo ideias e ideais !

Unknown 2 de novembro de 2009 às 22:25  

Cara bloguista Rute,
Confesso a minha comoção com a sua resposta imprevista e no entanto, tão de quem à boa maneira beirã sabe receber em sua casa a presença deste velho envergonhado que só e isolado, foi também ele mais uma face oculta neste vosso universo. Envergonhado por ser também eu filho deste povo e envergonhado por ser envergonhado e manter-me em face oculta. Aliviado porém por saber que alcança e aceita esta minha colocação.
Pelo talhe da sua escrita depreendo que é uma jovem. Não lhe tenho menos respeito por isso mas se me engano neste cálculo as minhas mais respeitosas desculpas. Mas se fiz estas contas é porque só uma jovem pode acreditar que as palavras não têm fardo e que uma voz não tem volume. Oh minha cara!! se de facto essa fosse a consistência metade da história recente do nosso Portugal não teria então acontecido.
Apesar da sua humildade continuo a saber que o seu tom baixinho e as sua palavras, ainda que sem efeitos farmacológicos, vão fazer diferença. Lentamente mas registarão por certo a diferença.
"A humildade é o espaço do amor." (Papa Paulo VI) e é no amor que acredito. Amor é a transformação do desproporcionado naquilo que há de mais harmonioso: o respeito.
Já vejo mudanças: há sobretudo um enorme silêncio, uma calmaria que pressinto que há muito ansiavam como meio para elaborarem os vosso propósitos. Agrego-me á vossa acção desejando satisfações e o alcance do pretendo.É como se até já sentisse nestes novos textos mais alegria no dizer e no escrever.
Agracio a simpatia na recepção e no convite mas apesar da Sua boa vontade o meu tempo é muito curto e receio não poder visitá-la assim tão vastas vezes que atinja então o à vontade para a repreensão: um amigo repreende em privado e elogia em público caso contrário só deve repreender quando já se sabe depreender só de sentir, mas deixo já a afiança de que sempre que a visitar não privarei o meu comentário de qualquer sinceridade e franqueza no pensamento.
Que esta nova tranquilidade Vos traga a todos Vós e a esta página visitas mais dóceis e construtivas e que estas sejam uma melhor amostra desse Santar
Bem haja pela companhia neste serão.
Boa noite!

Carlos Rodrigues 2 de novembro de 2009 às 23:55  

Bela conversa, sim senhora.

Só por falarem nisso, já me levaram a pegar na obra desse padre sabedor.

Muito Obrigado!!!

Atentamente

Unknown 5 de novembro de 2009 às 00:04  

Não resisti a passear-me por aqui por mais umas horas. É nestes meses mais sofridos em que relembramos os nossos defuntos que a soidade mais magoa e procuro destrambelhadamente algo que me traga a minha puerícia a esta memória que já teima em expirar.
A simpatia da Sra. Rute permitiu-me esse à vontade e fui ficando…Fui andando no tempo desta vossa página e consumindo os vossos teores sem parar. Agora sim,alguns dos vossos nomes começam a ter rosto. Não os vossos por certo mas os de Vossos Pais e Avós. Agora tudo se torna mais claro, todos os sentimentos e opiniões patentes compõem todo o sentido e até alguns dos acometimentos são agora atingíveis. Já vêm de há muitos anos, de outros tempos, disputas e contendas de famílias que Vós sem saberdes herdastes como um destino e estão agora todos a vivenciar essas estórias, contrariando-as inocentemente.
A Sra. Rute esteja à vontade, se acha que esta minha última observação pode susceptibilizar, por favor esteja completamente descomprometida, e não publique o que lhe escrevo.
Ai meus jovens o peso que vós carregais nas costas. A responsabilidade que tendes de interpretar as vossas famílias são de uma ponderação extrema que não podem descurar porque eram também essas famílias que faziam de Santar o colo terno que rememoro e que estou certo, são ainda as memórias de muitos que como eu, na minha geração, tivemos que partir e deixar para trás essa vila de granito.
Não apreendo porque se cognominam de indigentes ali no cimo desta página. De indigentes nada tendes .Graças a Deus. Sois jovens, cultos e bem formados, provindos de boas famílias e que têm como tecto, abrigo e agasalho a imposição de perpetuar o bom nome dessas gentes que fizeram, fizeram sim, o Santar em que nasceram.
Receio ser aborrecido e inoportuno. A solidão e a idade pregam-nos estas rasteiras e não quero que se enfadem já de mim. Voltarei mais tarde , em outro dia para Vos contar mais e para sorver em vós o que já nada sei dessa terra que é a minha. Fiquei curioso em descortinar o tema do museu do vinho de que fala ali em cima o Sr. Rodrigues.
Prometo que voltarei, sempre que o tempo o permita, o ânimo deixe, e este alemão que se instalou na minha cabeça, me deixe o quarto vago para pensar.
Boa noite e Bem haja
Delfim, ainda de face oculta mas comovido

Rute Loureiro 10 de novembro de 2009 às 20:40  

Ao Delfim de face oculta
Introduzo com um pedido das mais sinceras desculpas por não ter continuado a corresponder-me consigo nos últimos dias…faço-o agora com folgança de estar a continuar uma “conversação” educada da qual faço parte!
Apraz-me o facto de vir aqui descortinar, durante horas, o nosso tão estimado indigente e é também com agrado que leio que encontrou aqui memórias, pessoas e famílias das quais conhece narrativas ou mesmo biografias! Relativamente a isto como poderia não aceitar o seu comentário?! Além de bem escrito, e como deve saber, a minha família é um forte pilar, também na minha formação e educação!
O “indigente” tendo sido um nome criado pelos pioneiros deste projecto acho que se adequa perfeitamente… se bem, que acabamos por não ser indigentes! Acho, no entanto, que alcançaria uma meta espiritual se me tornasse Indigente e Indiferente a algumas temáticas…mas isto são “objectivos” pessoais!
Estimo a sua presença neste espaço que, afinal, também é seu!
Cumprimentos

Unknown 10 de novembro de 2009 às 22:49  

Cara Bloguista Rute,

Por favor não faça isso! Nada tem porque se desculpar. Eu sim, neste retiro atestado de soidades e ausências tenho importunado este vosso espaço, sedoso que estou de trazer até mim um pouco daquilo que também eu já fui. As minhas escusas. Depreendo pela vossa juventude a vida repleta de afazeres.
O prazer de descortinar o indigente tem sido meu e só Vos posso regraciar pelo tanto que me têm dado. Para mal dos Vossos pecados, só posso agarantir que não pretendo deixar-vos, assim a saúde e o tempo mo permitam.
Sem qualquer distinção ou desmerecimento: entre as “curtas” mordazes do Sr. Isidro, que insisto creio ser filho de um Velho Camarada, e que são para mim autênticos puzzles por avistar mas que aguçam a indiscrição, e a música moderna do Sr. Sampaio e música nem de outro, que não um Sampaio, poderia ser, e os alertas pedagógicos de sociedade e de ecologia e todos os restantes teores que tenho lido por aqui, têm permitido apreender um novo, novíssimo Santar que nem reconheço e pior, desconheço. Mas permita-me um aparte a alguém que já não vos pertence: tenho que agradecer à Sra. Titá por ter oferecido de uma forma tão romântica o Santar que deixei, os locais que já nem permanecem, os amigos que perdi, os familiares que nem vi partir. Carpido pela sua ausência.Compreendo a sua decisão no decorrer da sua postura no entanto é lamentável que, aqueles que como eu já só vivem de ausências não possam continuar a recordar a sua puerícia. “Aos olhos da saudade como o mundo é pequeno!” De Charles Baudelaire. Sabe? Faz-nos falta essa visão mais arrebatada.
Cara Bloguista Rute não precisa de me dizer qual o seu pilar. Tenho-o reconhecido nestas minhas incursões nocturnas pelo Indigente e não esperaria outra coluna que não essa vinda da família que vem. (fiz muitos km no táxi do Fernando).É por esta asserção que me indispõe o vosso cognome, se bem que afirmo para mim mesmo que a serdes indigentes sois pela diferença que tendes e vos marca de todos os Santarenses que se amostraram por aqui.(?) Se assim for, concebo então o epíteto.
Mais uma vez alonguei-me na minha explanação. Perdoe-me! Repito que não quero que se afadiguem já da minha assistência.
Não posso despedir-me sem mais uma vez aguilhoar o Sr. Rodrigues para que me transmita instrução sobre o Museu do Vinho que anteriormente referiu. Fiquei curioso. "A curiosidade de conhecer as coisas foi dada aos homens como castigo." De Michel de Montaign Ou não fosse também eu um Santarense, merecedor de um qualquer castigo por ser também tão inconfidente.

Desejo a todos uma Boa noite.
Bem Haja pela Companhia,
O Amigo, Delfim

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