segunda-feira, 4 de maio de 2009

Pensamento;

Apologia da Preguiça
«Ao tornar-nos disponíveis, a preguiça, limpa-nos do lixo, do trabalho inútil e das ideias negativas».
(Fernando Dacosta, JL,Out. 1987)

... não será «um costume da nossa época» condenar a tão purificadora preguiça? Quem nunca foi erradamente acusado de sofrer duma «preguicite aguda» (única doença que se conhece totalmente benigna)?...
... o «amigo» dicionário chega ao ponto de identificar preguiça com malandrice. Sem comentários!...
... não se deve ver na preguiça um estado de hibernação mental ( no entanto há em muitos praticantes desta modalidade algo que eu não considero preguiça mas sim uma grande falta de interesse pela vida, altamente prejudicial), deve-se ver, sim, uma hibernação para aquilo que nos dá prazer, e que, ao contrário do que se costuma pensar, pode ter uma grande importância para nós, logicamente,...
... será que ir ao café, ouvir musica, passear e mesmo não fazer nada são prazeres importantes? É óbvio que são, pois contribuem para o nosso equilíbrio pessoal e mesmo social...
... é necessário descobrir as nossas capacidades e talentos que nos dêem realmente prazer, para que possamos ser ao mesmo tempo«preguiçosos» e úteis, a nós e aos outros...
... pergunto: não estaria Camões quando escreveu os «Lusíadas», ou Eça de Queirós quando escreveu «Os Maias», ou Vivaldi quando escreveu as «Quatro Estações», ... Pasteur quando inventou a vacina para a raiva, repito, não estariam todos eles mergulhados num produtivo estado de preguiça que os libertou das «chatas» obrigações a que todos estamos sujeitos («o lixo»)? Pensem nisso...
... aprendam a ser bons «preguiçosos»...

(in Jornal do Fundão, Luís Pedro de Almeida em 27-5-88)

4 comentários:

85,  5 de maio de 2009 às 17:50  

eu nao me considero preguisoso,mas muitas vezes espero que a vontade de trabalhar me passe.

Armando Carvalho 6 de maio de 2009 às 10:24  

Amigo Carlos

Este é um "Pensamento" arriscado! Penso que o postou para nos tirar da "preguiça de colaborar".

Apologia (esta palavra faz-me sempre lembrar o abrazileiramento da nossa língua - as minhas apologias! - para - as minhas desculpas).

Neste post a palavra não surge no sentido de desculpa ou justificação, mas sim de elogio ou louvor!

Aí é que "a porca torce o rabo", porque nos elogio à preguiça temos que ser cuidadosos, se não vejamos, por exemplo, se elogiarmos a preguiça mental.

Quantas injustiças se cometem por falta de aprofundamento das questões, simplesmente porque tivemos preguiça de aprofundar as coisas, tivemos preguiça de nos incomodarmos, tivemos preguiça de querer saber.

A frase "Nem quero saber" ou "Mantém-me longe disso" surge-nos frequentemente para nossa defesa, mas por preguiça.

Então preguiça é defesa? Pode ser, mas também pode ser alienação mental, pode ser o "laissez faire laissez passser" dos franceses ou o "don´t borrow" do Ingês. É de certeza algo que nos deve fazer pensar!

Termos preguiça para intervir isso é que não, mas também não podemos ter preguiça para aprofundar as coisas sobre as quais não queremos ter preguiça.

Já agora, estou com preguiça de ir dormir, vou ficar um pouco mais esparrelado no sofá...

Grande abraço

OLHOVIVO 6 de maio de 2009 às 23:18  

@ Armando Carvalho

Estou de acordo com partes da sua visão, sobre o tema, não na totalidade, de facto a preguiça mental é grave e não serve de defesa, mas quando não sendo preguiçosos, somos hiperactivos e só nos preocupa a intriga e a sofisma, então começamos a dar passos para trás. E quando se trata de participar, essa participação deve ser activa e não fugaz, ou seja não devemos aparecer só para colher os louros, sabe que vai uma grande diferença entre o ser e o querer parecer, infelizmente a preguiça de muitos não os deixa ver a realidade.

Anónimo,  18 de maio de 2009 às 17:29  

Agora percebo poque é que muitas pessoas engordam.

Enviar um comentário