quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pensamento;

Construir em Vez de Combater

Creio que uma das atitudes fundamentais do homem humano deve ser a de conhecer em si, numa falta de compreensão ou numa falta de acção, a origem das deficiências que nota no ambiente em que vive; só começamos, na verdade, a melhorar quando deixamos de nos queixar dos outros para nos queixarmos de nós, quando nos resolvemos a fornecer nós mesmos ao mundo o que nos parece faltar-lhe; numa palavra, quando passamos de uma atitude de pessimista censura a uma atitude de criação optimista, optimista não quando ao estado presente, mas quando aos resultados futuros. O mesmo terá já dado um grande passo para impedir os ataques, quando aceitar que só puderam existir porque a sua acção não foi o que deveria ter sido; quando se lembrar ainda de que toda a sua coragem se não deve empregar a combater, mas a construir.

(Agostinho da Silva, in "Textos e Ensaios Filosóficos")

6 comentários:

Carlos Rodrigues 6 de maio de 2009 às 22:49  

Meu caro

Sem duvida as palavras de um sábio, Agostinho da silva era no fundo um homem simples que se conhecia e nos conhecia, nas nossas virtudes e defeitos,durante algum tempo e antes de morrer, fez um programa de televisão, que o trouxe mais perto do grande publico. Um evangelizador da palavra e do saber, marca de Portugal no mundo.
Obrigado por recordares aqui as suas palavras, gastem as palavras e actos a construir e não a produzir queixumes ou lamurias.Tão simples.

ArmCar 7 de maio de 2009 às 11:17  

Caros Carlos (Aurindo e Rodrigues)

Que bom trazerem aqui estes homens de todas as terras, de todos os lugares e de todos os tempos.

Embora nos tenhamos cruzado, várias vezes, na zona das Amoreiras onde vivia o Agostinho da Silva e onde eu trabalhava, foi, como diz o Rodrigues, com o programa da TV que melhor comecei a conhecer o sereno Agostinho.

Penso que ele foi e será um "fermento" para as nossas consciências.

[…]É verdade, somos poucos, em comparação com o resto da humanidade e pessoalmente não valemos nada; mas “um pouco de fermento faz levedar toda a massa”.[…]

A "coragem para construir" passa também por incluirmos estes fermentos na nossa acção activa, porque o fermento (a vontade) não é melhor do que a massa (os meios), mas é necessário para a transformação das nossas "deficiências" a que alude o texto.

Fez-me lembrar S. Lucas "Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não reparas na trave que está na tua própria vista? Como podes dizer ao teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro da tua vista’, tu que não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para tirar o argueiro da vista do teu irmão.»"

Obrigado por possibilitarem estes momentos de introspecção.

Um abraço

Titá 7 de maio de 2009 às 21:59  

Bem haja por trazeres aqui Agostinho da silva.
O filósofo do povo, um sábio.
E obrigada pela mensagem que transmitiste pelas suas palavras.
Bjs

Titá 7 de maio de 2009 às 23:06  

Carlos Faz..., Ao longo dos anos que nos conhecemos muitas foram as vezes que tu, sem sequer teres consciencia de que o fazias, me indicavas um caminho. Por isso te tenho como um amigo.
Hoje não foi excepção!
Estava hesitante se devia ou não proclamar a razão do meu manifesto e indignado silêncio. Quando li o texto que aqui publicaste, retive que, "construir em vez de combater" foi um dos primeiros objectivos deste espaço. Publiquei um texto que pode ser mal interpretado, mas é o que sinto e o que penso no momento. Em nada ataco os Indigentes. QUero deixar isso bem claro. Devo-vos esta explicação. Bjs

indigente indiferente,  9 de maio de 2009 às 22:23  

Excelsos, sem saber qual o post a que dirigir o meu despretensioso comentário faço antes uma ponte e aglutino em mim variados em um só.
Continuando a “construir em vez de combater” tenho de referir que este espaço cresce, harmónico e majestoso ao contentamento dos meus olhos. Pena que, de tantas vezes se mencionam citações cristãs que a minha sacro-heresia cai por terra e com ela toda a linha de pensamento que citada seria “graças a deus não conhecer deus”. Pois clara está a sublime personagem que por aqui se passeia, que nos seus dizeres dilatadíssimos nos dá a conhecer partes de tamanha dimensão santificada mas mesmo assim não se confundindo com glorificado, dado o conhecimento translúcido que todos temos da sua nobre e simpática pessoa.“É verdade, somos poucos, em comparação com o resto da humanidade e pessoalmente não valemos nada; “ Discordo… até a humanidade é insignificante se os princípios por que se regem são inexactos; as máscaras, de que são feitas as máscaras??! O fermentar da vida está uno em cada um de nós e melancolicamente se vê somente em pequenos núcleos (cada vez mais abreviados);
a simples e nada afeiçoada bactéria pode gerar pão … com pequenez humilde e traçados pouco simpáticos mas, como um verdadeiro baluarte, capaz de resistir às mais adversas condições … um mito da natureza?!...ou… uma máscara simples e complexa, sem citação, sem divindade!

Sibilina,  12 de maio de 2009 às 16:29  

Que belo e comovente !...
Como eles/as se elogiam uns aos outros. É ver aqueles que mais filosofia apregoa.
Continuem meus "filhos"

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