segunda-feira, 15 de junho de 2009

À margem de mim mesma

Venho despedir-me. Afirmar que dou hoje por terminada a minha participação como Indigente.
Continuo a declarar que este é um projecto com muito valor, levado a cabo por pessoas que, se já lhes tinha amizade, hoje, tenho-lhes admiração, a todos eles, pela sua postura, verticalidade, pela sua cidadania e vontade de fazer algo por Santar. Tenho orgulho neste projecto, nesta vontade colectiva e sinto uma alegria enorme por ter participado numa acção deste grupo de indigentes que abanou, estremeceu a monotonia, o comodismo a que Santar se tinha dedicado nos últimos anos.
Vocês são extraordinários e de uma persistencia louvável!

Nunca arroguei para mim a boa escrita, sabedoria, pertinência ou razão nos assuntos expostos. Limitei-me a ser eu mesma e a escrever aquilo que, mal ou bem, apesar de longe, sinto e vejo em Santar. Tentei sempre não criticar com maledicência, mas sim de uma forma construtiva e motivadora. Aliás, a minha intenção era a de exaltar o que de melhor há em Santar. Quem me conhece pessoalmente sabe que, pela minha forma de ser, superei aqui alguns dos meus limites. Eu que nunca fui de maledicências ou conflitos, sujeitei-me aqui a ataques e confrontos menos corteses. Eu que se puder, até passo invisível, vi-me envolvida em meias verdades e acabei por descobrir um Santar menos amistoso. Mas este objectivo comum levou-me a aceitar e respeitar, deixar que a liberdade de cada um, tivesse o limite na consciência e no juízo daqueles que nos visitam e dos meus colegas Indigentes. Mas agora, sinto que já não posso ir muito mais além do que já fui.
Esta decisão já tem alguns dias e foi na altura, comunicada aos Indigentes. No entanto, a pedido de alguns destes, prometi repensar, dar tempo ao tempo e repensar a minha saída deste projecto que acalento com carinho desde o primeiro instante em que me convidaram a participar.
Ontem, ao ler alguns dos comentários por aqui colocados pelos visitantes deste espaço, senti-me envergonhada, constrangida, pois percebi que todo o tempo e dedicação que cada um de nós oferece a este espaço, está a ser covardemente utilizado por estranhos, para atacarem e ofenderem pessoas da Sociedade Santarense. Este tipo de comentários já ultrapassa o razoável. Já não é liberdade de expressão, nem respeito por opiniões democráticas, deixa de ser um espaço livre e é sim, a ofensa do mais baixo nível.
Perdoem-me, mas dar a cara por um espaço que ofende pessoas é ficar à margem de mim mesma e da minha forma de estar e de ser e por isso, já nada há para pensar, nem tempo a dar. Saio hoje e enquanto não houver moderação de comentários, não voltarei.
Por mim, peço desculpa por qualquer coisa que tenha escrito e que tenha ofendido alguém. Garanto que nunca foi minha intenção ofender e, ou magoar quem quer que seja. O meu e-mail está no rodapé e se alguém entende que lhe devo qualquer explicação, por favor, diga-me.

Aos Indigentes, aquele abraço e os meus mais sinceros votos de sucesso e de felicidade. Ainda que, não como participante, estarei sempre ao lado de Santar, e ao lado de cada um de Vós para o que der e vier. No que precisarem, contem comigo. Foi muito agradável, reunirmo-nos todos de novo, ao fim de tantos anos e voltarmos a fazer algo juntos.
Aos Santarenses, desejo francamente que aproveitem esta sacudidela e que participem cada vez mais e mais, mas melhor, reconhecendo também o serviço de utilidade pública, que, todos juntos, cada um à sua maneira, podem prestar a Santar .

Viva Santar!!!!
Vivam os Indigentes!!!!

13 comentários:

Tó Neves,  15 de junho de 2009 às 17:01  

É com tristeza que leio este post, e vejo partir um(a) Indigente, espero que por pouco tempo.
O teu post ilucida bem o que neste momento se está a passar no Indigente, por mais apelos que se façam á boa educação, há sempre algum "cromo" que não percebe os propósitos do Indigente.
Como ultimo Indigente a aderiri oficialmente, vou ter esperança que as coisas melhorem.
Á Titá, votos de felicidades, a nivel pessoal e profissional, e até breve...

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 17:40  

Indigentes,

claro que só seria possível sentir tristeza com esta notícia.
Sentem vocês e nós. A Titá tinha tanto a acrescentar...
Tentem controlar as coisas por aí ou o projecto vai por água abaixo.

Conselho de pessoa que vos quer muito e muito bem, moderem os comentários. Comentar não é fazer testamentos falado de si é simplesmente dar uma opinião breve ao post. Esse sim, uma notícia, breves abordagens para reflexão, imagens, vídeos etc.

Beom, abraço-vos com o reconhecimento de um trabalho meritório de louvor.

P

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 17:44  

Titá

hoje sinto que Santar perdeu algo no seu encanto. Mas tu, cara amiga, não te desencantes. Tens mais a fazer por Santar no local onde te encontras. Espero que deixes em aberto uma possível participação num futuro próximo.

Um beijo da Paulinha

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 18:33  

Estava-se mesmo a ver. Agora os gabarolas destruíram mais uma coisita. Quem sabe não foram eles a roubar as tileiras.

O seu prazer é não deixar fazer ou fazer mal. Está visto.
Santar não muda.

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 21:49  

Priminha, estava de ver que ias tomar esta atitude. Os Sampaios são humildes mas pessoas com educação.Estou orgulhoso com a tua postura.
Podes fazer o que sempre fizeste sem este tipo de exposição.
Um beijo do teu primo preferido ;-)

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 22:17  

Junto-me ao favorito dos nossos priminhos e acrescento que a tua atitude louva-nos a todos, miúdos e graúdos.

Ficamos à tua espera no sítio do costume.

Beijo Titá

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 22:35  

Como disse Ruy Belo n'A margem da alegria.

(...)
Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado
Quando te vejo e embora exista o vento
nenhuma folha nas múltiplas árvores se move
ver-te é logo todas as coisas começarem é
tudo ser desde sempre anterior a tudo
Ver-te é sem tu me veres eu sentir-me visto
sentir no meu andar alguma segurança mínima
caminhar pelo ar a meio metro da terra
e tudo flutuar e ser ainda mais aéreo do que o ar
ver-te é nem mesmo pensar que deixarei de ver-te
ver-te é sentir pousar mais que um olhar
uma mão muito calma sobre a minha vida
ver o teu rosto é ter toda a certeza de que existo
que sempre existirei que não há mais ninguém
ver o teu rosto é mesmo mais do que nascer
empreender viagens começadas nesse rosto
donde podem sair inúmeros navios
ver o teu rosto é como tudo começar
corrida a minudenciosa prega do silêncio
silêncio alto como um cerro inesperado como um curro
aéreo como um cirro denso como um cerro
prosaico às vezes como a mecânica de um carro
(...)

(excerto de A Margem da Alegria, in Todos os Poemas, vol. II)

Apenas me apraz afirmar foi a dignidade com que te afirmaste.

És brilhante, bonita e de alma pura.

Parabéns Titá, mostraste sempre uma dignidade inatingível.

Espero encontar-te por cá, eu que tenho idade para ser teu avô.

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 22:46  

Zé dos Bois

Caríssima Titá

não acredito que se tenha despedido do Indigente por causas tão poucas. Terá sido por não a merecermos, nós santarenses de gema?
Bem sei que não foi esse o motivo. Até penso que resistiu estoicamente.
Compreendo-a mas fique sabendo que a sua decisão me entristece.

Abraço

ZB

Tio,  15 de junho de 2009 às 22:48  

Isso do primo preferido vai dar que falar. Essa vais ter que explicar.
Um Barriquinha que mostra aqui mais uma vez dignidade.
Um Chicote que mostra qui mais uma vez a sua altivez.
Uma familia que se une sempre, hoje em circunstâncias pouco comuns, para se orgulhar de um dos seus membros.
Para os Indigentes também o meu apreço e simpatia. Este é um bom projecto não duvidem e todos estão de parabéns. Em outras circunstâncias até eu gostaria de colaborar e apoiar algo que vejo como uma mais valia.
Um abraço a todos

Anónimo,  15 de junho de 2009 às 23:02  

Orgulho mas sem arrogância.

Abraço colectivo para ti Titá.

Teresa Sampaio Lança 16 de junho de 2009 às 10:33  

@ Tó Neves,
Amigo, não é uma partida. Estaremos juntos em breve e de certeza ,sempre em projectos úteis e de bem. Já tinha dito ao Tiago que irei em breve a Santar e que pretendo fazer um jantar para os Indigentes na casa de meus pais, que gentilmente o meu Pai ofereceu. Aliás, vou já aproveitar para pedir ajuda ao Carlos Isidro, que segundo o Quim Paulo, é o Mestre do Fogareiro.
Tó, Foi um prazer escrever contigo. Enquanto visitante e depois como Indigente, a tua postura foi sempre de moderação, educação. Bem Haja.

@Familia
Não tenho um primo preferido, mas tenho uma familia maravilhosa de que me orgulho. A Vossa presença por aqui foi sempre discreta, educada e inteligente. OS Vossos comentários sempre pertinentes e incentivadores. É também por Vós, que todos os dias me esforço para ser uma pessoa melhor.

@ Prima Paulinha,
Princesa Morena, para ti um miminho especial, muito nosso, só nosso. Um Bem haja e aquele abraço apertado da Paulinha Titá para a Paulinha Princesa.

@ZB,
não fique triste, nem pense que a minha atitude foi de altivez. Adoro Santar e sei que há em Santar gente de bem, pela qual sempre farei o que estiver ao meu alcance.

A todos, o meu bem haja e um abraço

Anónimo,  16 de junho de 2009 às 11:12  

Espero que não tenha feito isto porcausa do que eu escrevi. Pesso desculpa se a ofendi porque a sua presenssa por aqui alegra-nos muito e já lhe disse que á em Santar muito boa gente e que lhe quer bem.Um de voces tinha que fazer qualquer assim para os basofias perceberem que isto é um sitio de bem e acabarem com esta pouca vergonha.
OC

Anónimo,  16 de junho de 2009 às 11:15  

Como é amiguinha do Armando,e se calhar do lixivias saltou-lhe logo a tampa...LOL

puxa, puxa

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